A Polícia Civil concluiu nesta semana o inquérito que apurava um caso de homofobia em Gravataí, na Região Metropolitana, e indiciou um casal pelo crime, que ocorreu em agosto do ano passado. A dupla também responderá por ameaça e injúria.
Segundo a investigação, dois homens foram xingados e ameaçados por estarem de mãos dadas, além de terem se beijado na entrada de um restaurante do município.
O delegado Márcio Zachello, titular da 1ª Delegacia de Gravataí e responsável pelo inquérito, indiciou o casal por homofobia, com pena prevista de três a cinco anos de prisão; por injúria, pena de três meses a um ano de reclusão; e ameaça, detenção de um a seis meses.
A Polícia Civil não divulgou os nomes dos suspeitos, mas GZH apurou que os indiciados são Alex Sander de Souza Gonçalves, proprietário de uma loja de automóveis, e Fernanda Brandeburski Tavares. Eles estavam com os filhos na fila de entrada para um restaurante de sushi na parada 79, em 31 de agosto de 2020, quando o casal homossexual se aproximou de mãos dados e começou a se beijar. Para Zachello, a cena pode ter causado revolta nos indiciados, que teriam insultado os dois homens com xingamentos.
— Segundo depoimentos, as vítimas disseram que foram chamadas de "aberração", entre outras palavras de baixo calão, e os suspeitos alegaram que os dois homens estavam desrespeitando os filhos do casal porque também estavam se tocando em partes íntimas — diz Zachello.
Ocorrência
As vítimas informaram ainda que, quando começaram a gravar a cena com celular e disseram que iriam procurar a Brigada Militar, Gonçalves teria empurrado um deles. Contaram ainda que o telefone caiu no chão e quebrou a tela e que Fernanda também teria feito xingamentos. Depois disso, foram embora antes da chegada da polícia.
Uma ocorrência foi registrada e as imagens foram postadas em redes sociais, fato que levou Gonçalves, que tem outros antecedentes criminais, a procurar o comando da corporação em Gravataí.
Gonçalves e Fernanda negaram as acusações, disseram que proferiram apenas uma palavra de xingamento e afirmaram à polícia que passaram a enfrentar problemas depois da divulgação das imagens.
A polícia ouviu as vítimas, o casal e pelo menos duas testemunhas. Zachello diz que a importunação, ameaças e injúrias corresponderam a atos que demonstraram intolerância, discriminação e repúdio com relação direta à orientação sexual das vítimas. Além disso, não encontrou indicativos suficientes de que os dois homens estivessem praticando atos obscenos, conforme o artigo 233 do Código Penal.
Contraponto
GZH falou rapidamente com Gonçalves, via WhatsApp, na manhã desta quinta-feira e ele informou que está tranquilo, agradeceu o contato, mas disse que não vai se manifestar.