Responsável pela defesa da mulher presa por suspeita de ter matado o companheiro há quatro anos e ocultado o corpo na casa onde viviam em Arroio do Sal, no Litoral Norte, o advogado Vitor Hugo Gomes afirma que sua cliente lhe detalhou o caso nesta quinta-feira (19) e que ela confessará o crime à polícia. Quando foi detida na semana passada, ela preferiu permanecer em silêncio. A defesa pretende que um novo depoimento seja agendado na Polícia Civil — o nome da presa não foi informado.
O advogado diz que esteve no Presídio Feminino de Torres no fim da manhã desta quinta-feira. Por cerca de duas horas, conversou com a mulher de 59 anos, presa por suspeita de homicídio e ocultação de cadáver. Na semana passada, uma ossada humana foi encontrada na residência onde ela vivia em Arroio do Sal. A polícia suspeita que se trate dos restos mortais de Jonathan Martins de Almeida, 37 anos, desaparecido desde dezembro de 2016.
O advogado afirma que, durante a conversa, a sua cliente disse que pretende relatar tudo à polícia. Segundo Gomes, a mulher contou que matou o companheiro durante uma discussão, tentou esquartejar o corpo, e decidiu enterrá-lo no pátio da casa. Ele diz que ela alegou que não tinha ciúmes de Jonathan, e que os dois mantinham um relacionamento livre — ele se relacionaria com outras mulheres.
— Ela confessa que matou ele. Ela vai confessar perante o delegado. Ele estava tomando uma cerveja, de litro. Ela pegou a garrafa, como se fosse um machado, pelo bico, e deu um golpe na cabeça dele. Atingiu na testa. A garrafa cheia, pesada. Não imaginou que fosse matar. Pensou que não ia matar. Ela estava brigando com ele. Ele era homem muito forte. Ela não pensou que ele fosse morrer, mas matou — afirma.
Após perceber que Jonathan estava morto, segundo o advogado, a mulher decidiu ocultar o corpo. Para isso, teria pensado, inicialmente, em esquartejar o cadáver. Gomes afirma que ela contou ter tentado cortar o corpo, mas não conseguiu concluir:
— Ela chegou a cortar a cabeça dele, o pescoço. Mas não teve coragem. Não conseguiu continuar. Cavou esse buraco na areia. Teve que amarrar uma corda porque não tinha força para puxar o corpo.
Depois disso, teria decidido enterrar do lado de fora da casa, no pátio. Para isso, teria arrastado o cadáver do companheiro até o local e aberto uma cova na areia. A construção da área de serviço só teria sido feita posteriormente.
Ainda conforme o advogado, ela alega ter cometido o crime sozinha e por legítima defesa. O marido dela também foi preso na semana passada, por suspeita de ocultação de cadáver. No entanto, nesta versão, a mulher afirma que só conheceu ele dois anos após o crime e que ele não tem relação com o caso.
— Ele não sabe nada. Não conhecia a vítima. Passou a se relacionar com ela depois do fato acontecido — afirma Gomes, que também é responsável pela defesa do preso.