O delegado Adriano Koehler espera concluir em até dez dias o inquérito envolvendo uma ossada humana encontrada em uma residência, em Arroio do Sal, no Litoral Norte. A única linha de investigação é que de os ossos sejam de um homem, de 37 anos, que desapareceu no fim de 2016, na cidade. A ex-namorada da vítima e o atual companheiro dela foram presos em flagrante por ocultação de cadáver. Os nomes não foram divulgados. Mas, apesar de ainda aguardar exame de DNA no material humano encontrado, Koehler diz já ter elementos para indiciar a ex-companheira por homicídio doloso, quando há intenção de matar, e os dois por ocultação de cadáver.
Conforme o delegado, casos de desaparecimento são revisados na delegacia de tempos em tempos. Neste específico, ele diz que recebeu relatos de familiares do desaparecido e uma denúncia anônima que indicavam que o corpo estaria enterrado no terreno da residência onde o casal vivia. Com esses elementos em mãos, um mandado de busca e apreensão foi deferido e expedido pela Justiça.
O cão que ajudou em Brumadinho
Chegando à residência, no bairro São Jorge, cães farejadores, entre eles, Bono, um labrador marrom que ajudou nas buscas das vítimas da tragédia de Brumadinho, indicou o local onde possivelmente havia um corpo, ou parte dele. Entre os relatos recebidos pela investigação, havia um sobre possível esquartejamento.
Após farejar boa parte da casa e não encontrar nada, Bono ficou em posição de alerta ao chegar num anexo construído num dos lados da residência. Era uma espécie de área de serviço, com máquina de lavar roupas e telhado. O chão de lajotas precisou ser quebrado. Não precisou ir tão fundo no cômodo para encontrar ossos de uma pessoa.
— Alguns ossos estavam cortados e quebrados, num sinal de uso de serra, serrote ou machado. Estavam dentro de um saco — conta o delegado, ao dizer que todos os ossos de um corpo humano estavam no local.
Conforme Koehler, além dos ossos que serão analisados para verificação do DNA se bate com o da vítima, o saco usado para esconder as partes do corpo, uma serra e um serrote serão periciados.
A mulher suspeita de ser autora do crime seria a ex-companheira, que tem 59 anos. O nome dela não foi divulgado. A motivação, segundo Koehler, seria a separação do casal. Familiares da vítima relataram à Polícia que o desaparecido queria se separar e que a então companheira não aceitava o fim do relacionamento.
— Ela teria atraído ele para dentro de casa e dado alguma substância para sedar ele. Era um homem grande, de 1m80cm. Logo depois, teria matado ele, esquartejado e enterrado ele ali (na residência) – conta o delegado, ainda sem saber como ele teria sido morto.
A solicitação de auxílio emergencial pelo desaparecido também está sendo investigada. Familiares da possível vítima registraram desaparecimento no fim de 2016. No início de 2017, a ex-companheira fez um registro de ocorrência relatando que ele teria ido embora de casa, sem detalhar os motivos.
O atual companheiro da única suspeita de arquitetar o assassinato teria ajudado a construir o anexo da residência onde o corpo teria sido enterrado.