Um diferencial da Operação Antracnose, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (5) contra a facção Os Manos, é que durante meses os policiais acompanharam o passo a passo do investimento do dinheiro obtido com venda de cocaína.
A cada três dias, uma carga de 300 quilos da droga chegava ao Rio Grande do Sul. A partir daí, o desafio foi rastrear os investimentos.
A movimentação financeira comprovada pela investigação foi de R$ 70 milhões em seis meses. A PF monitorou parte do dinheiro voltando para pagar o fornecedor e o restante sendo diluído em negócios para lavar os valores e torná-los legais.
Foi identificada uma rede com quatro revendas de carros, oficinas mecânicas, um haras em Tapes com mais de 150 cabeças de gado e cavalos de raça, além de uma empresa de campeonatos de games com apostas no mercado ilegal.
O principal líder da organização investigada, o traficante Fabrício Santos da Silva, o Nenê, é jogador contumaz de videogame e investe em apostas online a partir de sua cela na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
O imóvel vasculhado, uma casa de classe média-alta em Novo Hamburgo, foi luxuosamente equipada para receber jogadores por 24 horas. Só as cadeiras usadas pelos jogadores custam cerca de R$ 10 mil cada. Os jovens disputam visando a passar de fase.
O investimento em jogos e as premiações online, a partir de apostas com altas premiações, são formas de lavar o dinheiro, já que a premiação declarada pode ser muito superior à que realmente é paga.
Também foram feitas buscas em oficinas mecânicas. Em uma delas, os federais encontraram 170 quilos de cocaína. No haras em Tapes, a PF ainda está contabilizando a quantidade de cavalos de raça. De gado, são pelo menos 150 cabeças. A operação está sequestrando R$ 20 milhões em bens do narcotráfico, com sequestro e arresto de dezenas de carros de luxo e 110 imóveis.