A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (5) uma das maiores operações do ano no Rio Grande do Sul. São cumpridos 295 mandados judiciais, incluídos aí 35 de prisão.
O alvo é a maior facção criminosa gaúcha, Os Manos, oriunda do Vale do Sinos, região onde se concentram as buscas.
O diferencial dessa ação da PF é que ela é internacional. Começou com colaboração do Serviço Antinarcóticos do Paraguai (Senad) para a prisão de um dos líderes da facção, o gaúcho Fabrício Santos da Silva, o Nenê, 37 anos. Ele estava escondido em um condomínio de luxo em Hernandárias (próximo à cidade paraguaia de Ciudad del Este) quando foi capturado, em agosto. Estava lá desde junho, quando fugiu do sistema prisional gaúcho, rompendo uma tornozeleira.
Você vai lembrar de Nenê, porque ele saiu de trás das grades com permissão da Justiça. Convenceu o Judiciário de que estava em grupo de risco para contrair o coronavírus e lhe foi dada permissão para prisão domiciliar, com tornozeleira. Colocou o artefato na perna e sumiu. Só foi reencontrado dois meses depois, no Paraguai.
Conforme investigação da PF, a quadrilha movimentou quatro toneladas de cocaína, do Paraguai para o Rio Grande do Sul, nos seis últimos meses. Semanalmente, os carregamentos somavam de 100 a 400 quilos da droga.
Isso significa que a facção tenta a internacionalização. É ainda incipiente: compra drogas no Exterior e a revende. Mas é o primeiro passo para se tornar um cartel, tipo de organização que domina o processo produtivo no crime.
Os cartéis atuam em mais de um país, produzem, contrabandeiam e revendem drogas. O agrupamento criminoso do Vale do Sinos está nesse caminho. Agora, obstaculizado pela PF, que lhes sequestrou 110 imóveis e bloqueou 111 contas bancárias. Até um haras os bandidos mantinham. Haja polícia para tanta criatividade em disfarçar o lucro criminoso.