A violência que vem sendo registrada no Rio de Janeiro, mais visível na favela da Rocinha, devido à sua proximidade com bairros nobres, não é um problema carioca, mas diz respeito a todos os brasileiros. Essa verdadeira guerra prejudica a rotina de escolas, comércio e transporte coletivo, além de provocar frequentes interdições de vias de acesso. E é consequência da disputa de facções pelo controle de distribuição de drogas, em alguns casos de dentro dos presídios, combinada com a falência do Estado do Rio com a internacionalização de facções brasileiras do crime. O país precisa deter esse processo.
Quadrilhas hoje responsáveis por verdadeiras carnificinas na Grande Porto Alegre atuam cada vez mais sob a forma de cartéis, como os que se notabilizaram particularmente em países latino-americanos. Crueldade extremada, corrupção policial, infiltração no aparato legal e conivência de parte da população são características do avanço do câncer do narcotráfico, já visto no México e na Colômbia, pelo organismo do Brasil.
Há saídas para o enfrentamento dessa chaga, e países como a Colômbia vêm demonstrando isso, mas elas não comportam omissões
No caso específico da Rocinha e de outras comunidades constantemente submetidas a tiroteios, uma das consequências lamentáveis é o desgaste provocado na imagem das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), já abalada pela falta de recursos desde a falência da gestão estadual. Livres da presença ostensiva do poder público, líderes do crime organizado se sentiram autorizados a recuperar terreno, passando a disputar o mesmo espaço. Quem mais sofre, nesses casos, é a parcela da população de áreas vulneráveis em diferentes pontos do país que, sob a mira das armas dos criminosos, tem dificuldade de se movimentar livremente para estudar ou para trabalhar.
Há saídas para o enfrentamento dessa chaga, e países como a Colômbia vêm demonstrando isso, mas elas não comportam omissões. Um dos pressupostos é ter consciência de que quem faz uso de drogas ilícitas contribui para manter esse mercado em funcionamento. Enquanto for proibido, o consumo de qualquer produto ilícito estará tingido de sangue decorrente dessa guerra. Não há maconha inocente. Toda a cadeia das drogas, da produção ao consumo, é parte dessa corrente econômica que se assenta sobre corrupção e assassinatos.
Não há mais espaço para tergiversações do Estado. Ou o Brasil são se une para extirpar o câncer ou o extremismo _ de traficantes ou de políticos_ conquistará cada vez mais espaço e aprofundará o ciclo de violência, numa guerra sem fim e sem futuro.