A Polícia Civil realizou operação, nesta sexta-feira (22), tendo como alvo agentes da própria corporação. Após quase dois anos de investigação, a Corregedoria-Geral (Cogepol) afastou 11 escrivães e inspetores suspeitos de "alugar" as suas senhas para uso do Sistema de Consultas Integradas da Secretaria da Segurança Pública (SSP) para empresas que recuperam carros roubados e indenizados por seguradoras.
Um dos policiais foi preso temporariamente e dois agentes, que também estariam envolvidos no esquema, foram presos em flagrante por tráfico de drogas. Os nomes e os locais onde eles atuam não foram divulgados até a publicação desta matéria.
A investigação foi realizada pelo delegado Bruno Pitta, da Cogepol. Segundo o corregedor-geral, delegado Marcos Meirelles, as três prisões ocorreram em Porto Alegre e, conforme as primeiras informações, o grupo afastado atuava na Região Metropolitana.
Nesta manhã, foram cumpridos mandados de busca para apreensão de documentos sobre o esquema, que envolveria o recebimento de dinheiro de empresas para recuperar os veículos roubados. Nas casas dos policiais presos em flagrante, foram encontradas grandes quantidades de drogas. Um dos agentes é da ativa e outro, aposentado.
O policial que foi alvo de mandado de prisão temporária é apontado também como responsável por um dessas empresas "recuperadoras" de automóveis. A firma, contudo, estava em nome de terceiros.
— O que chama a atenção é o fato de que estas "recuperadoras", com as senhas repassadas pelos suspeitos, acabavam elas mesmo acompanhando ocorrências policiais sobre recuperação de veículos, o que deveria ser sigiloso — explica Meirelles.
Segundo a Cogepol, quando um carro com seguro é roubado, o proprietário é indenizado e o veículo passa a ser da seguradora, que contrata estas empresas recuperadoras para tentar localizar os automóveis com o objetivo de diminuir o prejuízo. Os carros são, geralmente, vendidos ou repassados futuramente.
Para obter mais lucros — de forma ilegal —, pelo menos duas "recuperadoras" teriam feito contato com os policiais civis para oferecer dinheiro em troca de vantagens na localização dos veículos. O esquema foi aumentando e os agentes investigados teriam passado a "alugar" as próprias senhas do Sistema Integrado de Consultas.
— É ruim cortar na própria carne, mas é necessário — afirmou a chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor.
Além da prisão dos policiais, houve mais quatro supeitos detidos: um prestador de serviços de "recuperadoras", dois donos de empresas deste tipo e mais uma quarta pessoa no Paraná. Dois deles foram presos em flagrante e outros dois de forma temporária. A polícia não especificou mais detalhes.