Na busca por tentar desvendar como aconteceu a morte de Rafael Mateus Winques, 11 anos, a investigação em Planalto, no norte do Rio Grande do Sul, segue uma série de passos. A Polícia Civil apura o caso como um homicídio doloso — quando há intenção de matar. A mãe dele, Alexandra Dougokenski, 32 anos, confessou o crime, mas diz que a morte aconteceu de forma acidental, provocada por uma dose de medicamento.
Uma das próximas etapas da investigação será um novo depoimento de Alexandra. Os policiais pretendem ouvir a mulher pela terceira vez desde que ela confessou a morte do filho, na segunda-feira (25). A própria mãe indicou aos investigadores o local onde estava escondido o corpo do menino. O cadáver havia sido depositado em uma caixa de papelão, na garagem de uma residência próxima da casa onde a criança vivia com a família.
Depois disso, já presa de forma temporária, Alexandra foi ouvida novamente, na quarta-feira (27), na prisão em Iraí, onde estava detida. Ela manteve a versão que havia apresentado antes. A mulher alega que o filho estava agitado, não queria dormir e que por isso ela deu a ele dois comprimidos de Diazepam. Sustenta que isso causou a morte da criança e que ela mesma escondeu o corpo sozinha. Após ser ouvida, foi transferida para uma prisão da Região Metropolitana.
A perícia inicial no corpo de Rafael apontou que ele foi morto por estrangulamento, o que contraria a versão apresentada pela mãe. Um dos responsáveis pela defesa da mulher, o criminalista Jean Severo sustenta a tese de homicídio culposo. Ele diz que a asfixia pode ter acontecido durante o transporte do corpo. Uma outra perícia está sendo realizada para verificar se Rafael realmente ingeriu medicamento.
O depoimento de Alexandra não é o único, já que no momento outros familiares estão sendo ouvidos.
— Estamos tomando diversas oitivas, depoimentos de outros familiares, pessoas próximas. A gente pretende aguardar laudos periciais de diversas naturezas que estão sendo feitos. E há outras diligencias que não podemos divulgar agora — afirmou o delegado Joerberth Nunes, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI).
Avó e tio prestam depoimento
Nesta quinta-feira (28), a avó de Rafael e mãe de Alexandra, Isaíldes Batista, 58 anos, e o tio do menino Alberto Cagol, 18 anos, foram ouvidos novamente na Delegacia de Polícia de Planalto. Segundo o delegado Ercílio Carletti, este procedimento é de praxe na investigação porque anteriormente eles tinham prestado depoimento no contexto do desaparecimento, o que mudou após a localização do corpo. O policial afirmou que o relato dos familiares manteve a linha do que eles já tinham dito à polícia. Sobre a possível participação de outras pessoas, disse que segue sendo apurado.
— Só vai ser dito se (a mãe) teve ajuda ou não no fim do inquérito. No momento, não tenho subsídios para afirmar isso — disse.
Confira os próximos passos
Novo depoimento da mãe
O depoimento deve acontecer, segundo a defesa de Alexandra, na próxima quarta-feira (3), às 14h, em Porto Alegre. Os advogados vão acompanhar a cliente. Antes disso, devem ser realizadas novas etapas da investigação.
Buscas
A Polícia Civil solicitou à Justiça alguns mandados de busca para locais de Planalto. Entre eles, está a casa onde o menino foi encontrado morto e a residência da criança. A intenção é buscar novas pistas que possam auxiliar na investigação, segundo o delegado Ercílio Carletti.
Celular
Os dados do celular de Rafael foram extraídos por meio de perícia realizada com colaboração do Núcleo de Inteligência do Ministério Público. Conforme o delegado Carletti, os dados foram obtidos, mas agora estão sendo analisados.
— Recebemos muitos dados, mas essa análise demanda tempo. Os policiais estão fazendo isso no momento — explicou.
O objetivo é verificar se algum conteúdo apagado, como mensagem ou imagem, pode contribuir para elucidar o crime.
Reconstituição
A reprodução simulada dos fatos é uma das possibilidades estudadas pela Polícia Civil para verificar pontos da versão da mãe. Entre eles, por exemplo, se a mulher seria capaz de carregar o corpo do filho sozinha, como diz ter feito. E também onde ela obteve a caixa de papelão para depositar o cadáver da criança. Esse procedimento, quando solicitado pela polícia, deve ser realizado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).