O dono de uma oficina no bairro Vera Cruz, em Gravataí, na Região Metropolitana, foi morto durante um assalto no começo da noite desta segunda-feira (18). Dois homens foram presos em flagrante e um adolescente, de 14 anos, apreendido por suposto envolvimento no crime.
A ação aconteceu por volta das 18h50min na Rua Coronel Rezende, via paralela à RS-020. Gustavo Ramos da Silva, 24 anos, foi atingido com tiros no tórax, chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O empresário deixa esposa e um filho de nove meses.
No final da tarde de segunda, a vítima havia saído para comprar fraldas para o bebê. Retornou para fechar a oficina e pegar o carregador de celular. O sócio de Silva e um cliente também estavam no local quando um homem de 27 anos e o adolescente entraram e anunciam o assalto. Segundo a polícia, o garoto de 14 anos é ex-funcionário da oficina.
— Temos informações de que a vítima reagiu e o adulto teria feito o disparo. Esse homem já tem antecedentes por homicídio — explica a delegada Luciana Smith, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí.
Segundo Luciana, a dupla fugiu com a Saveiro vermelho que pertence a Silva. Na fuga, colidiram o veículo em um poste. A guarnição da Brigada Militar que seguia os suspeitos fez a prisão em flagrante.
Um terceiro participante, um homem de 21 anos, foi preso na frente de casa por ter levado a dupla até o local do crime. Em depoimento, admitiu que deu carona mas disse que não sabia do assalto. O adolescente confessou para a polícia participação na ação e o adulto se manteve em silêncio. Duas armas foram apreendidas. Nenhum nome foi divulgado.
— O homem que supostamente atirou ficou em silêncio e está em prisão domiciliar. O terceiro nega a participação, vamos entender qual a alegação dele. Ele supostamente deu carona com o Clio da mãe dele e disse que não tinha conhecimento dos fatos. Vamos investigar sua participação. O caso está um pouco nebuloso. Por que praticar o assalto ali? Se fosse para levar o carro, poderia ter levado qualquer veículo na rua — afirma a delegada.
"Pedi para pararem"
O sócio de Gustavo Ramos da Silva na oficina, que prefere não ter a identidade publicada, diz que ele e o amigo mantinham o negócio há dois anos e meio no bairro Vera Cruz. Segundo ele, o adolescente de 14 anos trabalhou com eles e há duas semanas foi demitido por falta de serviço em razão do período de distanciamento social. Ele conta que presenciou o crime:
— Estava terminando de atender um cliente quando os dois entraram. Foi questão de 30 segundos. Um deles estava armado. Quando a gente reconheceu que era ex-funcionário, dissemos para ele parar com isso.
De acordo com a versão do sócio, eles foram empurrados para o fundo da oficina e obrigados a se ajoelhar:
— Pedimos para eles pararem. O guri foi direto na gaveta das cintas plásticas para nos amarrar. Ele foi na gaveta certa, nem procurou. Quando tentaram amarrar o Gustavo, ele estava de costas, ajoelhado, levantou-se e virou para eles. Ele reagiu para não ser amarrado. Depois, vi muito pouco.
O sócio afirma que ele e o cliente conseguiram escapar pelos fundos. Quando estavam escalando um muro, ouviram os disparos:
— Não foi um assalto. Ele não aceitou ser demitido. Mas não tínhamos mais condição de mantê-lo. O serviço era pouco e eu e o Gustavo dávamos conta sozinhos. Ele disse que tinha contas para pagar e ficou incomodando, ameaçou. Gustavo já tinha sido ameaçado por ele pessoalmente e por mensagem.