No Dia Nacional da Mulher, 62 municípios do Rio Grande do Sul recebem uma operação de combate à violência doméstica. Nesta quinta-feira (30), a Patrulha Maria da Penha da Brigada Militar, durante a Operação Jerônyma Mesquita, fiscaliza as medidas protetivas e cumpre mandados contra os agressores que violaram as ordens judiciais.
Até o meio-dia, tinham sido realizadas 153 visitas às vítimas e cinco prisões de agressores nas cidades de Cachoeira do Sul, na Região Central, Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, e Passo Fundo, no Norte do RS — nesta última, foram dois detidos.
Segundo a coordenadora das Patrulhas Maria da Penha no Estado, major Karine Soares Brum, são 160 policiais militares envolvidos na ação, que teve início por volta das 9h e deve se estender até o fim do dia.
— A fiscalização é o trabalho ordinário da Patrulha Maria da Penha. Concentramos a ação de todas (54 patrulhas) no dia de hoje, em razão da data e também por conta da pandemia. Nesse período de isolamento social, queremos que as mulheres percebam que o nosso trabalho continua sendo realizado — afirma a coordenadora, em referência ao fato de que o período de distanciamento é considerado de maior risco para as vítimas de violência doméstica.
Para fiscalizar as medidas, os patrulheiros vão até as mulheres e conversam com elas, para verificar como está a situação. Naqueles casos em que o agressor já descumpriu a medida, e tem mandado de prisão, estão sendo cumpridas essas ordens judiciais. Até o momento, ainda não há informações sobre prisão.
Também dentro da operação, em municípios do Norte do Rio Grande do Sul, como Passo Fundo, Carazinho e Erechim, é realizado outro tipo de ação. Com o objetivo de alertar outras mulheres, os policiais militares distribuem panfletos e repassam informações para elas.
— A intenção é alcançar essas outras mulheres, que não denunciaram, mas também podem estar sendo vítimas da violência doméstica — explica a major.
A operação recebeu o nome de Jerônyma Mesquita em homenagem à enfermeira brasileira considerada símbolo da causa feminista. O Dia Nacional da Mulher ocorre em 30 de abril também por ser o dia de nascimento dela. Os dados da operação serão atualizados ao longo desta quinta-feira.
Onde vítimas de violência doméstica podem pedir ajuda:
Brigada Militar
- Telefone: 190
- Horário: 24 horas
Polícia Civil
- Endereço: Delegacia da Mulher de Porto Alegre (Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia), bairro Azenha. As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há 23 DPs especializadas no Estado.
- Telefone: (51) 3288-2173 - 3288-2327 - 3288-2172 ou 197 (emergências)
- Horário: 24 horas
Como ajudar
- Se você tem uma amiga ou familiar, que pode ser vítima de violência, mantenha contato com ela, mesmo durante o confinamento. Uma boa estratégia é usar o telefone ou aplicativos de mensagens.
- Fique atento ao que acontece ao seu entorno. Mesmo em casa, se suspeitar que uma vizinha está sendo agredida (se ouvir gritos ou pedidos de socorro, por exemplo), entre em contato com a Brigada Militar pelo 190. Esqueça a premissa “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.
- Caso alguma pessoa esteja sendo vítima de violência, ofereça-se para ir com ela até uma delegacia para registrar o caso. Em tempos de isolamento social, uma opção é dar apoio por telefone e até mesmo por videochamada. Assim, ela não se sentirá sozinha.
- Informe-se por telefone, internet e outros meios de comunicação sobre os serviços para as vítimas de violência em sua cidade. A informação sobre os locais onde as mulheres podem pedir ajuda auxilia no encorajamento.
- Mesmo em confinamento, compartilhe conteúdos informativos que possam tirar dúvidas, orientar e dar força a outras mulheres. O Ministério Público do RS lançou no ano passado uma cartilha contra a violência doméstica (acesse aqui) para ser encaminhada por WhatsApp.
Se for vítima
- Busque ajuda de um familiar e denuncie a violência sofrida. Para isso, é possível procurar a Brigada Militar (190) ou a Polícia Civil: vá até a Delegacia da Mulher ou a delegacia mais próxima.
- Em casos de risco, é preciso que a mulher denuncie e fique em local seguro. Para evitar que a situação evolua para algo ainda mais grave. É possível solicitar, na delegacia, abrigamento temporário.
- É importante que durante o registro da ocorrência a mulher informe contatos como telefone e e-mail, para que o Judiciário possa dar retorno por esses meios. Também é possível informar contatos de parentes e amigos, que podem receber essas informações e repassar para a mulher.