Responsável pela igreja furtada duas vezes em cerca de 40 dias, o monsenhor Urbano Zilles avalia que a legislação atual favorece que crimes do tipo acabem impunes e que não há preocupação das instituições em recuperar as pessoas que cometem essas infrações.
A igreja, localizada no bairro Santana em Porto Alegre, sofreu dois furtos recentemente, em 19 de janeiro e 29 de fevereiro. Nas duas oportunidades, um homem entrou no templo pela garagem lateral de madrugada e levou pertences — a comunidade do local desconfia que os crimes foram cometidos pelo mesmo homem. As ações foram flagradas por câmeras de segurança.
Nos furtos, foram levados talheres, três botijões de gás e demais itens como um cálice. Portões e grades foram danificados. A igreja estima que para repor os objetos subtraídos e arcar com os consertos, cerca de R$ 3,4 mil serão desembolsados. O caso é investigado pela Polícia Civil.
— Temos uma legislação que favorece esse tipo de crime. Furtos desse tipo não vão gerar penas que recuperem essa pessoa. E muitas vezes elas acabam ficando impunes. De qualquer forma, se fossem presas, sairiam das cadeias ainda piores, pois não é um local apropriado.
Agora, a equipe avalia aumentar as grades que cercam o templo.
— É um sistema falido. Acaba com o cidadão atrás das grades e os criminosos soltos — completa.
Na segunda ação, o criminoso utilizou um saco de papel para cobrir o rosto, que foi encontrado pela equipe da igreja na manhã seguinte.
A igreja conta com câmeras que foram instaladas, dentro e ao redor do local, há cerca de três anos. A comunidade decidiu instalar os equipamentos depois que um homem furtou a cabos e um microfone do interior do templo.
Após os últimos dois furtos, o pároco, que atua há quase 40 anos no local, receia que o crime volte a acontecer.
— A gente não estava acostumado a ver esse tipo de furto em um local assim, mas é algo que acontece com várias igrejas. Como é a segunda vez que ocorre aqui, a gente gostaria de evitar que isso continue, que fique se repetindo. Os fiéis daqui também cansam, mas sabemos que não dá para desanimar — afirma.