Em meio ao motim de policiais militares (PMs), o Ceará registrou 51 assassinatos em 48 horas — ou seja, mais de um homicídio a cada hora no Estado. Antes da greve, iniciada na noite de terça-feira (18), a média de homicídios na região em 2020 era de seis por dia. O levantamento foi realizado pelo portal G1.
As mortes ocorreram entre as 6h de quarta-feira (19) e às 6h desta sexta-feira (21). Um dos assassinatos foi na madrugada desta sexta-feira (21), no bairro Vicente Pinzón, na cidade de Fortaleza: sete homens em motocicletas atacaram um adolescente de 16 anos. Já no bairro José Walter, um tiroteio deixou um morto e um ferido. Na quarta-feira, uma dona de casa Maria de Paula Moura foi morta em uma tentativa de assalto.
Os policiais militares fazem motim contra a proposta de reestruturação salarial feita pelo governo de Camilo Santana (PT). A categoria pede que a proposta de reestruturação salarial, enviada na terça-feira (18), seja refeita. O projeto prevê aumento de salário para os soldados da PM e para bombeiros de R$ 3.475 para R$ 4,5 mil, com reajuste parcelado em três vezes até 2022. Os PMs demandam que o pagamento seja feito em apenas uma parcela e que seja apresentado um plano de carreira para a categoria
Na quarta-feira (19), um dia após o início da greve, o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido por dois tiros quando tentava entrar no quartel dirigindo uma retroescavadeira. De acordo com seu irmão, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, um dos projéteis que atingiu o parlamentar ficou alojado na base do pulmão, mas não atingiu órgãos vitais ou correntes sanguíneas. Ele deve permanecer sob cuidados médicos.
Na quinta-feira (21) ocorreu um encontro entre representantes da categoria que participa do motim e uma comissão de senadores. Contudo, não foi fechado nenhum acordo para por fim à paralisação.
A Constituição, no artigo 142, proíbe militares das Forças Armadas de fazerem greve e de se sindicalizarem. Já o artigo 42 estende essas proibições aos policiais militares e aos bombeiros. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) reiterou o veto.