Duas mulheres transexuais procuraram a polícia em Santa Maria alegando terem sido ameaçadas e insultadas por outra mulher durante uma manifestação contra o preconceito e violência com transgêneros. Na manhã desta quinta-feira (30), elas foram ouvidas pela delegada Débora Dias, da Delegacia de Combate à Intolerância, e contaram que as agressões ocorreram na tarde de quarta-feira (29) na Praça Saldanha Marinho, durante atividades que marcavam o Dia Nacional da Visibilidade Transexual e Travesti.
As duas vítimas relatam que estavam sendo fotografadas por outra mulher. Ao perguntarem sobre o motivo pelo qual estava tirando fotos, a mulher começou a ofendê-las. Conforme as duas vítimas, ela também fez ameaças, dizendo para que as duas "não se metessem com ela", que "não sabiam com quem estavam lidando" e também que sabia onde as ambas trabalhavam.
Ao saber dos fatos, a vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB-SM, Renata Quartiero, que acompanhava as manifestações do movimento na praça, falou com as vítimas. Ela disse que a instituição vai acompanhar as investigações.
— Elas vivem no medo, ficaram com temor pelo que vão fazer com essas fotos, aonde vão parar essas imagens? É uma intimidação absurda e aconteceu no Dia da Visibilidade Transexual e durante uma fala sobre essa falta de segurança que elas sentem — afirmou Renata.
De acordo com a delegada, a investigação ainda é muito preliminar e que testemunhas e a suspeita serão ouvidas nos próximos dias.
— Eu ouvi as duas. Vou ouvir a investigada também. Em tese, foi uma ameaça. Testemunhas também serão ouvidas, o inquérito foi aberto para apurarmos e entendermos melhor o que aconteceu — afirmou Débora Dias.
Além de ser em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Transexual, a ação realizada na Praça Saldanha Marinho também foi motivada como protesto pelo assassinato de cinco transexuais (quatro delas em Santa Maria) na Região Central desde setembro do ano passado.