O suspeito de matar três pessoas da mesma família após uma discussão de trânsito no domingo (26) foi preso na tarde desta terça-feira (28). As autoridades não divulgam o nome do homem, mas GaúchaZH apurou que trata-se de Dionatha Bitencourt Vidaletti, 24 anos.
Em coletiva de imprensa, a polícia afirmou que o atirador se apresentou por volta das 16h, na 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Porto Alegre, acompanhado de um advogado. Em depoimento, alegou legítima defesa.
Segundo Vidaletti, ao alcançar o Aircross que teria colidido na sua Ecosport, as vítimas teriam descido do veículo e passado a agredi-lo. Ele disse que caiu no chão e começou a levar coronhadas com uma arma que seria da família. Ele teria conseguido desarmá-los e jogar a pistola para longe. A mãe do atirador teria pego a arma e disparado contra o chão. As agressões teriam cessado.
Pouco depois, segundo Vidaletti, a família voltou a atacá-lo. Ele disse que teria conseguido se desvencilhar e se aproximado da mãe para pegar a arma. Ele disse que mandou ela entrar no carro para irem embora.
Quando os dois estavam no veículo, disse que o casal teria aberto a porta do carona e passado a agredir sua mãe. Afirmou que saiu do veículo, contornou o carro e realizou os disparos. O filho do casal teria se aproximado e também foi baleado. Vidaletti diz que se desfez da arma e foi embora. A pistola 9 milímetros usada no crime ainda não foi encontrada.
Vidaletti disse que, depois dos disparos, entrou no veículo e voltou para casa. Ele afirmou que escondeu o veículo no galpão e se refugiou em um matagal próximo.
— Em alguns momentos, confirma depoimento de testemunhas, mas em outros apresenta contradições — afirmou o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, delegado Eibert Moreira.
A mãe do homem, que não é investigada no momento, deve ser ouvida, assim como a irmã e o pai dele. A defesa de Vidaletti disse aos policiais que o último contato entre ele e a mãe teria ocorrido no domingo, dia do crime.
Responsável pela investigação, o delegado Rodrigo Pohlmann afirma que o homem demonstra arrependimento:
— É o depoimento de alguém que está transtornado com o que fez. Disse que queria proteger a mãe. Sempre que tocava no nome dela, chorava. Dizia que queria retirar a mãe daquele ambiente. Demonstra que se arrepende, que poderia ser resolvido de outra forma.
Conforme Pohlmann, o preso trouxe, em seu depoimento, particularidades que precisarão ser confrontadas. Entre elas, destaca o delegado, a informação de que a pistola não seria dele e, sim, de uma das vítimas.
— No primeiro depoimento que a gente tem, a testemunha em nenhum momento disse que a pistola estava com o motorista. Já há uma contrariedade. Vamos ouvir mais pessoas para desenhar como o fato ocorreu — finalizou Pohlmann.
Vidaletti deve ser indiciado por três homicídios duplamente qualificado, por motivo fútil e por impossibilidade de defesa das vítimas.
O crime
Três pessoas de uma mesma família foram assassinadas na tarde de domingo (26), após discussão de trânsito. Foram baleados na Estrada do Varejão, no Lami, na zona sul de Porto Alegre. Rafael Zanetti Silva, 45 anos, foi atingido na boca e na cabeça e a esposa dele, Fabiana da Silveira Innocente Silva, 44, levou um tiro na cabeça. Os dois morreram no local.
O filho do casal, Gabriel da Silveira Innocente Silva, 20, foi atingido no pescoço e na cabeça, e chegou a ser encaminhado em estado grave para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), mas não resistiu. Nesta terça-feira (28), os três foram velados e sepultados na Capital.