Um homem quieto, frio, que não altera o tom de voz ou demonstra violência. Assim os agentes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, na Região Metropolitana, descrevem Lacir Lopes, 43 anos. O homem que não tem antecedentes criminais admitiu ter matado e ocultado os corpos de três pessoas em terreno onde vivia, no bairro Fátima.
Natural de Iraí, no norte do Estado, Lopes trabalha como caseiro em um imóvel desde janeiro do ano passado. No local, fica a sede de uma empresa de gesso já desativada. Trata-se de uma ampla área entre a Avenida Guilherme Schell e a Rua Cairú. Separado, não tinha relações próximas com a família e morava sozinho.
Lopes está preso preventivamente desde o dia 30. Sem resistir, foi detido pela polícia em casa, onde ainda havia sujeira de sangue que, segundo a polícia, é indício do crime cometido uma semana antes.
— É uma pessoa de poucas palavras. Fria, não se estressa. Se passasse na rua, não era pessoa que chamaria a atenção — descreve o delegado Thiago Carrijo.
Os corpos foram encontrados entre 30 de novembro e 4 de dezembro. O primeiro a ser localizado, segundo a polícia, seria de um jovem de 25 anos desaparecido desde o dia 23. Ele teria sido morto com golpes de barra de ferro no rosto. O corpo foi carbonizado.
A vítima trabalhava com Lopes e chegou a morar com ele por dois meses. Os policiais esperam o resultado da perícia para confirmar a identidade do homem.
— Familiares não acreditam que ele (Lopes) seria capaz disso. Dizem que tinham contato com ele por WhatsApp. É um cara que vivia sozinho. Ele diz que tudo ocorreu após algumas discussões por diversos fatos, detalhes que foram lhe incomodando — diz o delegado.
Outras ossadas humanas foram localizadas. Lopes admitiu ter matado e enterrado dois corpos. Segundo o suspeito, os assassinatos teriam ocorrido há um ano e meio.
À polícia, o autor confesso disse não lembrar exatamente o mês em que os crimes aconteceram. À frente das investigações, Carrijo afirma que não é possível precisar como Lopes matou as duas pessoas.
— Um dos crânios das ossadas estava bem fragmentado, provavelmente foi uma ação contundente sobre ela — afirma.
De acordo com o delegado, uma das ossadas seria de uma pessoa que teria ajudado Lopes a matar e enterrar a outra. Ou seja, de cúmplice teria se tornado vítima. A investigação começou com o sumiço do jovem de 25 anos.
A polícia chegou ao terreno da Avenida Guilherme Schell quando uma testemunha contou ter visto o homem caído, com o rosto desfigurado. No primeiro dia de buscas, os policiais localizaram dois corpos, entre eles, o do desaparecido.
— Nas oitivas com o suspeito, apresentamos dados que só ele sabia. Acabou se apavorando e confessou — detalha o delegado.
Contraponto
Advogado de Lopes, Antônio Ricardo Garlet afirma que o cliente contou que matou pessoas que lhe incomodavam.
— Ele confessou os crimes na minha presença. Diz estar arrependido e aliviado por ter contribuído com a Justiça. É uma pessoa que tu dizes que é incapaz de cometer estes crimes.