A perícia no notebook do empresário Wanderlei da Silva Camargo Júnior, réu pelos ataques a cinco pessoas com ácido em Porto Alegre, mostram que ele estava interessado em espionagem. Os serviços consultados por ele eram de rastreamento celular, veicular e até de escutas de ambientes. A conclusão do laudo foi confirmada nesta segunda-feira (11) pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
A informação é considerada importante pela Polícia Civil para reforçar o que seria a motivação dos crimes: a intenção de mostrar para sua ex-companheira que a Capital é uma cidade violenta e convencê-la a ir morar com ele no Paraná. A polícia chegou a dizer que a mulher corria risco de vida. Foi exatamente por meio da denúncia de espionagem que a mulher conquistou na Justiça uma medida protetiva contra o empresário.
No laudo, o IGP também informa que o homem pesquisou sobre ácidos, substâncias causadoras de queimaduras e fabricantes de produtos químicos. Para o delegado Luciano Coelho, da 13ª Delegacia de Polícia, não há dúvidas de que ele é o autor dos ataques.
— É um robusto elemento de prova a mais e só vai contribuir com a investigação. Não resta dúvida de que ele agia, desde abril, no planejamento dos crimes — disse o policial.
O laudo do IGP também mostra que o réu acessou diversas vezes a internet para se informar sobre os crimes e a repercussão deles na imprensa. Segundo os peritos, foram ao menos 18 pesquisas, em diversos sites, a partir de 23 de junho. O primeiro ataque foi registrado no dia 19 de junho.
GaúchaZH tenta contato com Wellington Alves Ribeiro, advogado do empresário, mas ainda não obteve retorno.
Relembre o caso
Entre os dias 19 e 21 de junho deste ano, cinco pessoas foram vítimas de ataques com líquido ácido nas ruas Santa Flora, no bairro Nonoai, e Francisca Prezzi Bolognesi, no bairro Hípica, na zona sul de Porto Alegre.
Durante a investigação, os policiais chegaram ao nome do empresário Wanderlei da Silva Camargo Júnior, 48 anos. Ele foi preso em quatro de outubro, em Curitiba, no Paraná.
Informalmente, Camargo Júnior disse aos policiais que pretendia mostrar à ex-companheira que os locais que ele frequenta não eram seguros — os ataques foram em trajetos que ela usava. Assim, queria convencê-la a morar com ele no Paraná. Segundo a polícia, as vítimas foram escolhidas aleatoriamente.
A Justiça aceitou denúncia do Ministério Público contra o empresário em 22 de outubro, e Camargo Júnior virou réu, respondendo por lesões corporais graves e leves, ameaça, adulteração de sinal identificador de veículo automotor e furto.
O réu segue preso.