A Polícia Federal (PF) divulgou nesta quinta-feira (27) um balanço parcial da contagem dos bens apreendidos na Operação Lamanai, que teve como alvo a Unick, de São Leopoldo, no Vale do Sinos. A empresa é investigada por suspeita de fraude financeira no mercado de moedas virtuais, usando esquema de pirâmide financeira.
Segundo a PF, foram encontrados R$ 200 milhões em contas ligadas aos investigados. Além do valor em real, espalhado em contas no Brasil, a corporação também descobriu R$ 53 milhões em criptomoedas em nome da empresa.
Todo o valor foi bloqueado pelo Banco Central, a pedido da investigação. Ainda havia R$ 747 mil apreendidos em espécie e R$ 85 mil em moedas estrangeiras.
Além disso, foram encontrados 48 carros, totalizando R$ 6 milhões em valores da tabela da Fipe. Entre os veículos, havia duas BMW X6, avaliadas em R$ 390 mil, um Porsche Panamera, de R$ 400 mil, e uma Land Rover, modelo Range Rover Velar, que também é avaliada em mais de R$ 400 mil. A PF ainda obteve ordem de sequestro de nove imóveis.
A investigação não confirmou se bloqueou valores em contas no Exterior. No dia em que a ação foi deflagrada, a PF declarou que a empresa tinha um centro de negócios em Belize, na América Central.
Segundo a Polícia Federal, ainda há jóias que estão sendo analisadas pela perícia para analisar se são verdadeiras, por isso o balanço é parcial.
A operação
No dia 17 de outubro, a PF deflagrou a operação contra a empresa sediada em São Leopoldo. A promessa de lucro de 100% sobre o valor investido em até seis meses teria atraído um milhão de clientes para os negócios da Unick Forex.
Os pagamentos das aplicações podiam ser feitos por boleto, com investimento mínimo de R$ 99. No começo, os investidores recebiam o retorno. Depois, procuraram as autoridades dizendo que estavam sendo alvos de calote.
Além dos 10 mandados de prisão — resultando em nove detidos —, ainda foram cumpridos 65 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Caxias do Sul, Curitiba (PR), Bragança Paulista (SP), Palmas (TO) e Brasília (DF). Na noite do dia 21, a Justiça Federal prorrogou por mais cinco dias as prisões.
GaúchaZH entrou em contato com a defesa da empresa. Em nota, o escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa a Unick Sociedade de Investimentos, afirma que "ainda não teve acesso a esses detalhes do processo, preferindo não se manifestar nesse momento".
A Unick tem 740 mil cadastros ativos em todo Brasil. Segundo a PF, a empresa teria movimentado R$ 9 bilhões e grupo tinha cerca de um milhão de clientes e operava em aproximadamente 14 países.