Para a Polícia Civil, o rompimento de uma relação teria sido a motivação de um feminicídio na madrugada de sábado (31) na zona leste de Porto Alegre. O crime aconteceu em uma residência no bairro Jardim Carvalho. Uma mulher de 28 anos foi assassinada dentro de casa. No início da manhã, a filha de sete anos acordou e encontrou a mãe sem vida. O ex-companheiro e pai da criança é o principal suspeito do crime.
Segundo a diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher, delegada Tatiana Bastos, a mulher residia em uma casa no mesmo terreno que os pais. Na manhã deste sábado, conforme a polícia, a filha dela acordou e deparou com a mãe morta sobre a cama. A menina tentou abrir a porta para chamar os avós, mas estava trancada.
— Então ela pede ajuda e começa a gritar. Foi quando os avós entraram na casa e encontraram a vítima já sem vida. Acreditamos que o crime ocorreu ainda de madrugada — afirma a delegada.
Conforme Tatiana, a vítima tinha lesões no rosto, que teriam sido provocadas por uma agressão. Ela não tinha outros ferimentos aparentes. A suspeita é de que tenha sido asfixiada pelo autor do crime, tanto por esganadura, como por um travesseiro, que tinha marcas de sangue. A perícia confirmará a causa da morte.
Ao longo do dia, segundo a delegada, foram ouvidos familiares da vítima e a mãe do suspeito. A vítima manteve um relacionamento por oito anos com um homem de 31 anos, que é pai da menina. No entanto, os dois haviam se separado há cerca de seis meses. A suspeita da polícia é de que ele foi até a residência da ex-mulher e cometeu o crime, durante um novo desentendimento.
— Ele já tinha saído de casa. Ela tinha o mandado embora. Mas estavam nessas idas e vindas — diz a delegada.
Ainda conforme a policial, o homem relatou à própria mãe que cometeu o crime. A polícia ainda tenta localizar o suspeito, que não teve o nome divulgado.
— Ele confessou para a mãe dele que foi ele. Disse que perdeu a cabeça — relata a policial.
A filha da vítima será ouvida na segunda-feira (2), em um depoimento especial, com acompanhamento psicológico, por se tratar de uma criança.
GaúchaZH não publica o nome da vítima para não expor a filha, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Medida protetiva
No dia 15 de agosto, a mulher procurou a Polícia Civil para registrar uma ameaça por parte do ex. A partir do registro, foi solicitada medida protetiva, que, conforme a delegada Tatiana, foi concedida no dia seguinte pelo Judiciário.
— Ela fez todos os passos. Conseguiu a medida. Mas infelizmente essa vítima não foi até o Fórum, no prazo de 72 horas, como nós orientamos que fosse feito, para buscar a medida. O oficial de Justiça só conseguiu intimá-la ontem (sexta-feira). Foi quando ela recebeu a medida. Mas o ex-companheiro não havia sido localizado ainda — explica.
Ainda conforme a delegada, quando procurou a polícia, a mulher optou por permanecer em casa, já que morava no mesmo terreno que os pais. Ela teria a opção de ir para outro local. O procedimento realizado pela polícia após a ocorrência foi encaminhado ao Judiciário no dia 26 de agosto.
— Esse foi o primeiro fato que ela registrou contra ele. Era um caso de ameaça. Ainda não havia elementos para pedir a prisão dele. Demos a opção de ela ir para um local seguro. Mas ela se sentia segura ali porque vivia com os pais no mesmo terreno. O que os familiares disseram é que ontem (sexta-feira) ela estava feliz porque tinha recebido a medida. Isso demonstra que a vítima tem de aderir, quando em situação de risco, a todos os encaminhamentos. Isso pode salvar vidas — salienta a delegada.