Quase seis anos depois, João Guatimozin Moojen Neto, 28 anos, vai a júri nesta terça-feira (3), em Porto Alegre, acusado de ter provocado a morte dos dois filhos e de um vizinho, além de deixar a então companheira gravemente ferida.
Na madrugada de 7 de novembro de 2013, o homem teria ateado o fogo ao apartamento onde a família morava, logo após agredir Barbara Penna de Moraes e Souza, à época com 19 anos. Os filhos do casal e um idoso, vizinho no prédio localizado na Avenida Panamericana, no bairro Jardim Lindoia, morreram.
A expectativa é de que a sessão, que começou por volta das 9h30min, estenda-se até quarta-feira (4). A primeira pessoa a ser ouvida no júri é a própria Bárbara, que teve 40% do corpo queimado e permaneceu hospitalizada por mais de quatro meses.
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), Moojen Neto teria agredido a companheira e, na sequência, ateado fogo a ela e ao apartamento, usando álcool. Ainda segundo a Promotoria, a jovem foi jogada pela janela do imóvel, que ficava no terceiro andar.
Bárbara passou por cerca de 230 cirurgias e se tornou um símbolo na luta contra a violência doméstica. O crime, segundo a denúncia, teria sido motivado pelo fato de o réu não aceitar a tentativa de Bárbara de terminar o relacionamento.
O incêndio provocou a morte dos filhos do casal, a menina Isadora, de dois anos e sete meses, e João Henrique, de apenas quatro meses. As crianças estavam no quarto, onde morreram asfixiadas pela fumaça. A menina foi encontrado no chão, ao lado da cama. E o bebê, no berço.
O vizinho Mário Enio Pagliarin, 79 anos, um dos moradores mais antigos do prédio, também foi encontrado morto nas escadas do edifício, sufocado pela fumaça. Ele teria morrido ao tentar socorrer as vítimas.
A sessão é presidida pelo juiz Paulo Augusto Oliveira Irion. Além de Bárbara, serão ouvidas ao longo do dia as testemunhas de defesa. Foram indicadas sete pessoas, mas ainda não há previsão se todas devem depor nesta terça. O último a ser ouvido é o réu — que segue recolhido na Penitenciária Estadual de Charqueadas.
Moojen Neto responde por tentativa de homicídio (qualificado pelo emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima) e três homicídios, com as mesmas qualificadoras. A acusação é realizada pelo promotor de Justiça do Tribunal do Júri, José Eduardo Coelho Corsini. Pela defesa do réu, atua a defensora pública Tatiana Kosby Boeira.