A Polícia Federal (PF) finalizou a o inquérito que investigava um gaúcho por se passar por falso agente federal. Daniel Lopes da Silveira, de 38 anos, foi indiciado pelos crimes de estelionato, ameaça e falsificação de selo público. Segundo a apuração, o homem, natural de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, teria se passado por policial federal para aplicar golpes em vítimas de Estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
Cinco mulheres e cinco homens que alegam ter sido vítimas do suspeito foram ouvidos no inquérito. Por um ano e meio, uma assistente social e moradora da Grande Porto Alegre acreditou que convivia com um policial federal. A maior parte desse tempo, moraram juntos. Os dois chegaram a ter uma filha, hoje com quatro meses.
Por certo período, diariamente levava o companheiro até o Aeroporto Internacional Salgado Filho. Com a camiseta da PF, colete tático e arma (todos itens falsificados), ele desembarcava no início da manhã e só retornava no fim da tarde. Dan, como era chamado, contava detalhes da profissão. Ela foi uma das mulheres ouvidas ao longo da investigação.
— Acredito que fiz a minha parte — afirmou a assistente social, ao saber do indiciamento.
A PF confirmou a finalização do inquérito, mas não divulgou maiores detalhes sobre a apuração. Silveira foi preso em 24 de julho em um shopping de São Paulo. Em depoimento, segundo a PF, ele confirmou que enganou mulheres. Um notebook e um celular apreendidos na data da prisão ainda estão sendo analisados. O suspeito continua detido de forma preventiva no Presídio Central, em Porto Alegre.
Contraponto
Segundo a advogada Josiane Schambeck, responsável pela defesa de Silveira, "a investigação não trouxe elementos que pudessem afirmar que houve dano à administração pública federal". Ela afirma ainda que, por conta disso, "a PF sugeriu a declinação da competência à justiça estadual".
A advogada relatou também que aguarda o julgamento de habeas corpus. Com a declinação da competência, segundo Josiane, será mantida a mesma linha de defesa. A advogada pretende ingressar com novo pedido de liberdade. A PF informou que não se manifesta sobre detalhes da investigação, pelo fato do caso estar em sigilo.