A morte de um escrivão da Polícia Civil durante uma operação contra furto de gado na manhã desta terça-feira (16) engrossou as estatísticas de policiais mortos em confrontos no Rio Grande do Sul. Só neste ano, seis servidores foram assassinados. Do total, cinco são policiais militares e um é o policial civil atingido nesta terça, o escrivão de polícia Edler Gomes dos Santos, 54 anos.
O policial será velado a partir das 7h30min de quarta-feira (17) no Salão Nobre do Cemitério Jardim da Paz, na zona leste de Porto Alegre. O sepultamento está marcado para as 11h30min do mesmo dia.
Como foi o confronto
Quatro policias foram até uma casa, a 15 quilômetros do centro de Montenegro, para verificar uma denúncia de que havia armas e carne proveniente de abigeato. Eles chegaram no local em duas viaturas adesivadas.
Conforme o delegado regional, Marcelo Farias, em princípio, só havia uma pessoa na residência. Os policiais teriam tentado negociar com este homem, identificado como Claudio Roberto Nardi, 59 anos. Ele não se rendeu e disparou contra os agentes.
Como aconteceu a morte do escrivão
Quando teve início a troca de tiros, houve pedido de reforço. Conforme a polícia, o escrivão foi atingido por um tiro de espingarda calibre 12 na região da axila, área que fica desprotegida pelo colete à prova de balas.
Quem mais foi baleado
Alexandre Machado, também policial do Denarc, conseguiu se esconder atrás de uma viatura. No entanto, acabou baleado na lateral do corpo e encaminhado ao hospital. Ele não corre risco.
Em seguida, o autor dos disparos foi morto. Ele tentou fugir, mas acabou atingido no mato aos fundos do casebre, próximo a um córrego.
Quem era o policial morto
O policial atuava desde 2010 na Polícia Civil. Atualmente, ele estava lotado na Delegacia de Repressão ao crime de Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Denarc. Já havia atuado também em especializadas do Departamento Estadual de Invesatigações Criminais (Deic).
Antes de ser policial, havia sido militar do Exército. Edler era irmão do delegado da Polícia Civil Regis Gomes dos Santos, que morreu em 2014.
Quem era o alvo da operação
O alvo da investigação era Cláudio Roberto Nardi. Conhecido da polícia, ele tinha passagem por poluição ambiental, lesão de trânsito e crime contra a fauna. O homem também era investigado por envolvimento em esquema de furto de gado. A polícia não sabe ao certo qual a ligação dele com os ladrões , se participava dos furtos ou se apenas adquiria a carne ilegal.
Na casa em que ele estava, os agentes encontraram carne de tatu, capivara, aves silvestres, porco e ovelha. A suspeita é de que sejam produto de caça ilegal e abigeato.
O que diz a família do suspeito morto
Havia um mandado de busca no local em que ele estava — o mesmo local onde houve o confronto. O filho de Nardi, Maurício Souza Nardi, trabalha como motorista e negou que o pai tinha envolvimento com o crime. Ele acredita que Nardi acordou assustado com a movimentação policial, sem saber que eram agentes, e atirou.
Qual era o objetivo dessa ofensiva
A operação contra o abigeato ocorreu em 37 cidades gaúchas e resultou na prisão de 11 pessoas em Santa Rosa, Cachoeira do Sul, Canela, Dom Feliciano, Canoas, Caxias do Sul, Alto Alegre e Soledade. Ao todo, 84 mandados judiciais foram cumpridos. Até as 15h, haviam sido apreendidas 46 armas, dinheiro — ainda não contabilizado — e munição de vários calibres.
Em sete meses de investigação da Delegacia de Bagé, foram identificados grupos que se reuniam por meio do WhatsApp para a prática dos delitos. Ao total, foram identificados aproximadamente 400 integrantes.
As investigações apuraram os crimes de abigeato, comércio ilegal de armas de fogo e munição, crimes ambientais, furto e roubo de propriedades rurais, além de receptação de comerciantes que vendiam carne ilegal.