Sete integrantes de uma quadrilha que assaltava ônibus e agredia as vítimas com socos, coronhadas e até aparelhos de choques foram condenados em outubro a penas entre 22 e 102 anos. Já um criminoso de 33 anos, que praticou oito roubos no transporte coletivo no primeiro semestre do ano passado, foi preso, fugiu do regime semiaberto e, no segundo semestre, cometeu mais oito assaltos, até que foi preso novamente. Desta vez, foi para o regime fechado.
As prisões são apontadas como consequências da criação da força-tarefa contra roubos ao transporte coletivo, criada pela Polícia Civil gaúcha em 2016 e transformada na Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos em Transporte Coletivo (DRTC) em março passado.
Desde que essas medidas foram adotadas, os números de ataques a ônibus e lotações em Porto Alegre caíram consideravelmente. Em janeiro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2016, a queda foi de 81%: 79 ocorrências contra 264. No mesmo período, 272 pessoas foram presas por este tipo de crime.
— O trabalho foi iniciado na força-tarefa com os delegados Alencar Carraro e Carlos Wendt. Antes, os números eram muito altos — explica o titular da DRTC, Daniel Mendelski.
De acordo com o delegado, antes da criação da força-tarefa, as ocorrências eram registradas em diferentes delegacias, de acordo com a região em que havia ocorrido o assalto.
— Naquela época (2015 e início de 2016) tinha uma verdadeira febre de roubos em ônibus. E os assaltantes costumam migrar. Então, delegacias diferentes investigavam assaltos cometidos por ele e nem todos os inquéritos chegavam à Justiça. Com isso, muitos acabavam respondendo por um único assalto e, se eram primários, acabavam soltos ou, se condenados, recebendo penas leves — explica.
A partir da força-tarefa, de acordo com Mendelski, a centralização das ocorrências num único lugar fez com que os criminosos fossem reconhecidos como autores de vários crimes, o que tornou suas prisões mais consistentes.
— Se não tinha antecedentes, dificilmente ia preso. Se fosse condenado, a pena seria baixa. Agora, com imagens de câmeras de ônibus, são identificados pela participação em outros assaltos, e as vítimas, chamadas, os reconhecem. Então, os pedidos de prisão são embasados em vários casos — explica o delegado.
Mendelski destaca ainda que a integração da Polícia Civil com a Brigada Militar, a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), a Associação dos Transportadores de Passageiros por Lotação (ATL) e o Sindicado dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de Passageiros de Porto Alegre (Sindicato dos Rodoviários) foi fundamental para os resultados positivos.
Abordagens e inteligência: as armas da BM
Para o comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel Rodrigo Mohr Picon, o principal fator para a redução das ocorrências de assaltos no transporte coletivo de Porto Alegre é a integração, principalmente entre as polícias Civil e Militar. Mas ele destaca também as participações da EPTC, dos consórcios de empresas de ônibus e dos representantes dos profissionais da área.
— Todos se juntaram para combater o problema, e os resultados apareceram. É uma união de forças — diz o oficial.
De acordo com Mohr, a BM tem realizado prisões em flagrantes que, depois, são fortalecidas pelo reconhecimento dos detidos em assaltos anteriores.
— Trabalhamos muito com abordagens e com o setor de inteligência. Quando realizamos a prisão, encaminhamos para a especializada que, muitas vezes, já tem a ficha e os antecedentes. Aí o assaltante cai por tudo que fez antes — diz.