A Polícia Civil afirma ter esclarecido os desaparecimentos de cinco pessoas em Canoas, na Região Metropolitana, ocorridos em janeiro deste ano. Segundo a investigação, todas foram torturadas, executadas a tiros e tiveram os corpos abandonados em matagais no próprio município e em Sapucaia do Sul.
Nesta última cidade, os executores ainda jogaram soda cáustica nos corpos de duas das vítimas e os colocaram em um poço na localidade conhecida como Vila Mariele. Tudo foi gravado pelos criminosos.
Dois homens suspeitos de serem executores de uma facção criminosa foram presos – eles não tiveram os nomes divulgados até o momento. Agora, os mandantes dos assassinatos estão sendo procurados.
A delegada Luciane Bertoletti, da Delegacia de Homicídios de Sapucaia do Sul, investiga duas das mortes. Para ela, em geral, o motivo dos crimes é a disputa por pontos de venda de drogas entre facções.
Contudo, Luciane afirma que as vítimas que foram colocadas no poço teriam dívidas ou estariam roubando na área de um grupo rival. Após realização de exame de DNA e papiloscópico, a polícia conseguiu identificar a dupla como sendo Christian Cruz e Keoma da Silva.
— Eles foram retirados de casa por homens encapuzados, no início do ano. Todos foram sequestrados em períodos de dois a três dias, cada um. Além disso, os cinco se conheciam e moravam no bairro Niterói, em Canoas. E quando falo de todos, falo também dos outros três mortos, cujos casos são investigados pela Delegacia de Homicídios de Canoas — diz Luciane.
Conforme a polícia, executores e vítimas têm antecedentes criminais e são apontados por terem envolvimento com tráfico de drogas ou roubos na região metropolitana de Porto Alegre. As vítimas encontradas em Canoas ainda não foram identificadas.
Operação policial
Nesta quinta-feira (4), 30 policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão no âmbito da investigação. A ofensiva recebeu o nome de "Operação Chamado".
Por meio da investigação e dos vídeos recebidos, a polícia chegou aos suspeitos dos crimes. Além disso, imagens das execuções foram divulgadas em redes sociais para mostrar o poder do grupo – que matou cinco integrantes da facção rival – e para comprovar aos mandantes que todos realmente haviam sido mortos.
Em relação aos dois homens presos, um foi detido há 15 dias e outro nesta semana. Eles devem responder por homicídio qualificado, organização criminosa e tortura.
— A operação de hoje é extremamente importante para esclarecer uma investigação de três meses. Identificamos que o que achávamos ser uma série de sequestros, era na verdade uma série de assassinatos — afirma o delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana.