O Batalhão de Choque da Brigada Militar foi novamente enviado para trabalhar no bairro Restinga após duas tardes seguidas marcadas por assassinatos, na quinta e sexta-feira (19). É a segunda vez neste mês de abril que a tropa vai ao bairro do extremo Sul de Porto alegre em decorrência de uma mesma disputa de traficantes de grupos rivais.
Segundo o comandante do Batalhão de Polícia Choque, tenente-coronel Claudio Feoli, a tropa especial vai trabalhar focada no combate A facções do tráfico de drogas, diferente da unidade do bairro, que voltará seu trabalho para os demais crimes. Ainda segundo o oficial, o prazo de permanência é indeterminado.
O Comandante de Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Rodrigo Mohr Piccon, garante que haverá segurança necessária para a segunda-feira, quando o bairro voltará a ter movimento normal após o feriado. Ele diz que não deve se repetir a situação de escolas e postos de saúde fechados pelo medo da violência, como ocorreu no início do mês.
— O Choque novamente vai apoiar na Restinga em decorrência disso. Não tivemos novas reclamações da comunidade de ameaças, como havia ocorrido antes. Estamos acompanhando tudo e a ideia é justamente reforçar ainda mais o policiamento com o choque em horários estratégicos — declarou Piccon.
A Polícia Civil também está em alerta para os conflitos do bairro. O delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da 4ª Delegacia de Homicídios, afirma que havia três semanas que a Restinga estava sem assassinatos por causa da disputa entre os grupos, até que na quinta houve de novo um homicídio. Segundo ele, já são oito assassinatos ligados a conflitos entre duas facções desde 30 de janeiro.
De acordo com as investigações, o que ocorre no bairro não é uma tentativa de ampliação de um grupo do tráfico rival, mas violência mútua.
— É um círculo vicioso de vingança. A todo momento, alguém elimina alguém do rival. Não houve propósito de tomada de ponto de tráfico, apesar de estarem próximos geograficamente — entende o Pohlmann.
A polícia trabalha para identificar todos os envolvidos nos crimes.
Relembre
O bairro Restinga, em Porto Alegre, enfrentou uma série de confrontos e execuções que assustaram os moradores da região. Desde o dia 30 de janeiro, a morte de um homem teria reacendido a guerra entre duas facções que disputam o tráfico de drogas na Restinga.
Depois dessa morte, pelo menos oito assassinatos e cinco tentativas de homicídio foram registrados no bairro. O final de semana dos dias 30 e 31 de março foi o mais crítico, com intensos tiroteios que resultaram em uma pessoa morta e dois feridos. Na segunda-feira seguinte, seis creches comunitárias e as escolas estaduais José do Patrocínio e Ildo Meneguetti também não tiveram aulas. A Unidade Básica de Saúde Restinga também fechou.
A situação só retornou ao normal com o reforço do policiamento na região. Além do efetivo do 21º Batalhão de Polícia Militar, o Batalhão de Polícia de Choque passou a atuar no bairro.