A segunda-feira (1º) teve rotina alterada no bairro Restinga, na zona sul de Porto Alegre, por conta do medo de novos tiroteios. Pelo menos seis creches, duas escolas de Ensino Médio e um posto de saúde não abriram as portas.
O morador Manoel Costa, 70 anos, deparou com a Unidade Básica de Saúde Restinga fechada no fim da manhã, quando procurou o local para agendar uma consulta. O aviso na porta alertava para que procurasse outra unidade.
— Quem sofre são os moradores. Todo mundo fica com medo — lamentou.
Outro morador, cadeirante, tinha consulta agendada e também voltou para casa sem atendimento.
— Não sabia que estava fechado — reclamou.
No sistema de ensino, o atendimento também foi prejudicado. As escolas estaduais José do Patrocínio, na Rua Belize, e Ildo Meneghetti, na Rua Eugênio Rodrigues, decidiram não fazer atendimento. Um cartaz na José do Patrocínio alertava para o fechamento.
Pelo menos seis escolas de Educação Infantil mantiveram as portas fechadas. A situação deve ser reavaliada para terça-feira (2).
Lutauana Taborda, 28 anos, não pôde levar a filha Sophia para a creche Renovar I. Como trabalha em outra unidade, a Jardim de Oxum, que também fechou as portas, a mãe ficou com a menina de dois anos em casa:
— No meu caso, pude ficar com ela, mas muitas mães não podem. É muito difícil. Todo mundo fica prejudicado.
Metade dos alunos em sala de aula
Entre as instituições que mantiveram o atendimento aos alunos está a Escola Municipal de Ensino Fundamental Vereador Carlos Pessoa de Brum. No entanto, segundo a vice-diretora Adriana Braga, quase metade dos 500 alunos não compareceu à aula no turno da manhã. Segundo a educadora, o clima é de apreensão.
— As famílias estão preocupadas, para não dizer apavoradas. Aqui é nosso local de trabalho, mas temos nossas casas, nossas famílias que nos esperam no fim do dia. E nossa preocupação também são nossos alunos que vivem em meio a esta violência e a insegurança — disse.
Ainda durante a manhã, foi realizada reunião com representantes das escolas do bairro e da Brigada Militar. Viaturas circulavam pela Restinga nesta segunda-feira.
— O motivo da reunião foi esse clima de insegurança gerado na Restinga, tendo em vista os confrontos. Estamos intensificando o policiamento. Fazendo de tudo para manter a segurança, garantindo a entrada e saída dos alunos. Fomos lá para dizer isso, que eles podem abrir as escolas — relatou o tenente-coronel Alex Severo, comandante do 21º Batalhão de Polícia Militar.