*Renato Dornelles, repórter da editoria de Segurança de GaúchaZH e Diário Gaúcho, autor do livro Falange Gaúcha e diretor e roteirista do documentário Central
Para quem não conhece, na prática, uma Apac, qualquer coisa que se diga a respeito pode parecer exagero. E assim era comigo, quando ouvia relatos do procurador de Justiça Gilmar Bortolotto. Isso, no entanto, mudou quando, no ano passado, durante as filmagens da série documental Retratos do Cárcere, da produtora Panda Filmes, tive a oportunidade de passar um dia no presídio feminino, e outro, no masculino, que adotaram esse método em Itaúna, a 76 quilômetros de Belo Horizonte (MG).
Quem conhece o sistema prisional tradicional (e não precisa ser preso para isso, basta mostrar algum interesse em saber como funciona uma das mazelas da sociedade) sabe que a ociosidade é um dos problemas crônicos e reinantes que favorecem a reincidência e o fortalecimento de facções.
Pois a falta do que fazer é nula na Apac Itaúna. Os recuperandos (são cerca de 200 no masculino), acordam às 6h, têm dois turnos de trabalho (um voluntário e outro remunerado) e um de ensino. Só voltam às celas às 22h, para dormir. Na atividade não paga, produzem pães, doces, refeições, brinquedos, entre outras coisas, que são doados para creches, escolas e entidades filantrópicas. E ninguém reclama ou pensa trocar de presídio.
A propósito, a Apac Partenon está solicitando doações de jornais, arame, cola, revistas, tinta acrilex para artesanato, palitinhos, doces e chocolates, para que os recuperandos, na laboraterapia confeccionem cestinhas de Páscoa para crianças. Interessados em ajudar podem entrar em contato pelo telefone (51) 3737-5839.