A Polícia Civil aguarda laudos periciais que podem ajudar a esclarecer o desaparecimento do gerente de banco Jacir Potrich, 55 anos, em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Os documentos são essenciais para a conclusão do inquérito. O bancário está sumido há quatro meses. Um dentista, vizinho dele, é apontado como suspeito de envolvimento no sumiço.
Entre os laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP) aguardados pelo delegado Márcio Marodin, que atualmente conduz as investigações, estão a tentativa de recuperação de imagens de um sistema de gravação e coleta de material genético na residência do suspeito. Ainda não há prazo estabelecido para a remessa das análises.
— Estamos aguardando a chegada dessas perícias para poder concluir o caso. Isso demora um pouco, em razão dos próprios trabalhos dos peritos — afirmou Marodin.
A principal linha de investigação aponta que o dentista Carlos Alberto Patussi, 52 anos, morador do mesmo condomínio da vítima, teria matado o bancário e escondido o corpo. Em 23 de janeiro, ele foi preso por suspeita de envolvimento no sumiço, mas acabou solto uma semana depois, por meio de habeas corpus. Ele nega qualquer envolvimento.
Ao longo da investigação, diversas buscas pelo corpo do gerente foram feitas por familiares, amigos, bombeiros e policiais. Um açude chegou a ser esvaziado, mas nada foi encontrado. Segundo Marodin, a polícia não desistiu de localizar o cadáver do gerente.
Imagens do circuito do condomínio mostram o dentista mexendo em uma câmera de segurança no dia do desaparecimento de Potrich. Isso levantou suspeitas sobre o vizinho. Para a polícia, Patussi queria impedir a gravação de algum registro que mostrasse seu envolvimento na morte do vizinho. Câmeras também registraram o dentista caminhando no telhado da casa. A polícia acredita que ele estava se certificando sobre quem estava no condomínio.
Para a Polícia Civil uma desavença entre o gerente e o dentista teria motivado o crime. Os dois eram amigos, mas teriam rompido a amizade após o banco do qual Potrich era gerente trocar de endereço. O imóvel antigo era alugado pelo dentista.
Dentista negou crime em depoimento
Carlos Alberto Patussi prestou depoimento na delegacia de Anta Gorda em fevereiro. Por cerca de três horas, ele falou ao delegado Marodin e negou qualquer envolvimento no sumiço do vizinho. Responsável pela defesa do dentista, o advogado Paulo Olímpio Gomes de Souza afirmou que o cliente se colocou à disposição para falar sobre o caso.
Patussi relatou que não viu o vizinho na data do desaparecimento e que não esteve no quiosque. Ele explicou ainda que subiu no telhado porque a casa estava sendo pintada e ele costumava acompanhar esse trabalho. Sobre as câmeras, o dentista argumentou que estaria limpando os equipamentos no momento em que foi flagrado nas imagens. Disse ainda que participou das buscas ao vizinho e que o episódio envolvendo o aluguel não teria gerado inimizade entre os dois.
O caso
Jacir Potrich, que era gerente do Sicredi em Anta Gorda, sumiu na noite de 13 de novembro, após uma pescaria. A última vez em que foi flagrado pelas câmeras do condomínio onde morava seguia para um quiosque. Os peixes foram limpos e guardados na geladeira.
Ele residia com a mulher e um sobrinho, de 24 anos, Familiares chegaram a oferecer recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o paradeiro do bancário. A polícia chegou a trabalhar com a suspeita de sequestro, por conta da profissão de Potrich, mas acabou descartando a hipótese. Nenhum pedido de resgate foi feito.
O delegado Marodin é o segundo a coordenar a investigação do desaparecimento do gerente. O primeiro, Guilherme Pacífico, deixou o caso, após aceitar cargo de subchefe da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Espírito Santo. O inquérito soma mais de 300 páginas.