As defesas dos réus, que respondem pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, em Três Passos, na Região Noroeste, têm na tarde desta sexta-feira (15) o último momento para apresentar argumentações. Logo após, o Ministério Público (MP) falar por duas horas durante réplica, foi dado início à tréplica. As duas horas foram divididas entre as quatro defesas, com 30 minutos para cada.
O primeiro advogado a argumentar foi Rodrigo Grecellé, um dos responsáveis pela defesa do médico Leandro Boldrini, acusado de ter sido mentor do assassinato do filho.
— Esse filho não era um incômodo para ele — defendeu o advogado, referindo-se à expressão "estorvo", que foi usada diversas vezes pelo MP, que acusa Boldrini de ter planejado o crime.
A motivação financeira também foi contestada pela defesa, ao afirmar que Boldrini não necessitava do valor que receberia, caso ficasse com todos bens que o filho herdaria da mãe. A defesa sustentou que o médico não sabia da morte, até ser comunicado pela polícia, ao ser preso em abril de 2014. Grecellé alegou que o réu não é psicopata, como foi acusado. Disse ainda que, caso fosse o mentor do crime, teria tentado dissimular após o desaparecimento do menino. A defesa apegou-se ao fato de que Boldrini era médico reconhecido pelo bom atendimento em Três Passos. O advogado chegou a pedir para o réu levantar as mãos, apontando que com elas ele realizava cirurgias.
— É falácia dizer que Leandro é um psicopata. Um psicopata que salva vidas desde 2003. (...) Ele não sabia. Ele acreditava que o menino ia aparecer — disse.
Ao fim da meia hora disponível, Grecellé pediu que Boldrini fosse até a frente dos jurados. Os outros advogados também se aproximaram. O médico veste uma camiseta branca, com dois pés de criança marcados com tinta azul. Nela está escrito "pai". Abaixo há o nome da filha, fruto da relação com Graciele. A menina completou seis anos em 10 de março, um dia antes dos pais começarem a ser julgados pela morte do irmão.
— Absolvei Boldrini e, assim, estarão absolvendo-se —apelou.
A segunda defesa a falar nesta sexta-feira foi a que representa Graciele. O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos defendeu a desclassificação do crime para homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O advogado alegou, assim como ela disse em interrogatório, que o menino morreu após ingerir medicamentos em excesso.
— Sei que ela não vai sair daqui absolvida. Mas ela sai daqui com a consciência tranquila. Ela é ré confessa — defendeu Pompeo de Mattos.
Em caso de condenação por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar, a defesa tentou derrubar os argumentos de parte das qualificadoras. Alegou que não houve crime, mediante pagamento de recompensa. Também defendeu que não houve motivo fútil apontado pelo MP. Com isso, o crime se tornaria homicídio doloso duplamente qualificado. Neste caso, o advogado pediu ainda que Graciele seja beneficiada pela semi-imputabilidade, uma atenuante de pena. O advogado alega, que, em razão de perturbações psicológicas, Graciele não seria capaz de compreender totalmente as ações que cometeu. Isso permitiria que ela tivesse a pena reduzida no momento da juíza Sucilene Engler definir o tempo de prisão.