Cada um reage à alegria e à dor do seu jeito. Se ficarmos apenas na aparência, corremos o risco de julgamentos errados. Tem gente que chora quando está feliz e ri quando está triste. Vai saber o que acontece abaixo da fina camada perceptível ao olhar do outro. Durante a semana, li, ouvi e escrevi pouco sobre o massacre de Suzano e sobre o julgamento do caso Bernardo.
Basicamente, eu já tinha a dose suportável. No caso de Suzano, uma hora depois eu já sabia tudo o que precisava.
Um dos sintomas mais claros desse tempos de polaridades burras é a confusão entre a afirmação de uma circunstância pessoal e negação das outras. Explico. Quando escrevo que passei a semana meio brigado com as notícias, não estou julgando e nem condenando quem fez diferente. Sentimentos e reações humanas não obedecem à mesma lógica da disputa eleitoral.
Não preciso dos detalhes sobre o massacre. São tantos, que sufocam.
Vale o mesmo para o ritual medieval do júri em Três Passos. A espetacularização da Justiça me diz pouco e o que me diz não é bom. Por respeito à dor de quem sofre, por respeito aos que morreram, precisamos sim lembrar. É o que, por enquanto, consigo fazer.
No meu caso, penso e lembro em silêncio. Sem qualquer pretensão de estar certo ou de tentar dizer como os outros deveriam agir.