A terceira sessão do julgamento da morte de Bernardo Uglione Boldrini começou nesta quarta-feira (13) pouco depois das 9h.
A primeira testemunha de defesa ouvida foi Luiz Omar Gomes Pinto. Durante os questionamentos dos advogados, ocorreu bate-boca que motivou a suspensão da sessão.
O incidente foi com o advogado Jean Severo, que defende Edelvânia Wirganovicz. A testemunha reclamou de o defensor gritar e Severo retrucou, dizendo que aquele era o "seu jeito". A testemunha ainda respondeu, fazendo o advogado rebater dizendo que a testemunha era mentirosa. Chegou a sugerir que os dois fossem resolver a questão fora da sala.
A juíza Sucilene Engler interferiu e suspendeu a sessão para conversar com Severo. Ao retornar ao plenário, o advogado provocou a testemunha:
— O senhor gostou de mim, está me encarando?
A juíza repreendeu novamente os dois e mandou a testemunha olhar para frente.
O advogado Rodrigo Grecellé, defensor de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, começou os questionamentos perguntando se a testemunha viu seu cliente ser agressivo com o filho alguma vez. Pinto disse que não. A linha dos advogados de Boldrini foi demonstrar boa relação entre pai e filho, discorrendo sobre passeios a um sítio.
A testemunha revelou ter sido tratada por Boldrini e admitiu sentir gratidão pelo médico. Apesar da gratidão, Pinto disse que não mentiria, que contaria se Boldrini tivesse feito algo errado com o filho.
Grecellé perguntou se Bernardo era apegado ao pai. A testemunha disse que o médico era ausente por causa do trabalho. Pinto afirmou que perdeu contato com Bernardo depois da morte de Odilaine Uglione, mãe do menino, ocorrida em 2010. O advogado também fez perguntas sobre a postura de Boldrini — se era uma pessoa de trato fácil e humilde. Pinto disse que sim.
Questionamentos do outro advogado de Boldrini, Ezequiel Vetoretti, começaram na linha de revelar que Odilaine teria tido uma relação extraconjugal e que Boldrini, ao descobrir, por intermédio da testemunha, não reagiu com violência.
Às 9h45min, a defesa de Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo, iniciou questionamentos. Pinto disse não ter convivido com Graciele. Foi neste momento que ocorreu o bate-boca com Severo e as defesas não fizeram mais perguntas.
O promotor Bruno Bonamente quis saber se a esposa da testemunha, que trabalhou como babá na casa de Boldrini, sabia de maus-tratos de Bernardo. Ele disse que temia sofrer represálias — ser processado — se a mulher falasse do assunto à época. Também afirmou que a mulher, Elaine Raber Pinto, fez contato com a avó materna de Bernardo, mas ela teria dito que não se meteria no assunto e sugeriu que ela procurasse as autoridades.
Pinto disse que a mulher ficava transtornada ao encontrar Bernardo na rua, que o menino parecia triste. E que ela soube que o menino teria sofrido tentativa de sufocamento por parte da madrasta.
Por volta das 10h, a juíza suspendeu a sessão ao ser avisada que testemunhas estariam agitadas e algumas com problemas de pressão. O intervalo foi rápido. A promotora Sílvia Jappe perguntou a Pinto porque ele era testemunha de defesa, já que não foi ouvido na investigação policial. Ele disse não saber e ter se surpreendido com a intimação. A promotora insistiu sobre o que a mulher da testemunha notava no tratamento a Bernardo. Pinto disse que mulher chorava muito em casa por notar que o menino não estava bem. A testemunha disse que nunca comentou nada com Boldrini por ter medo de se intrometer.
Ao final, advogado Vetoretti pediu para complementar uma pergunta. Voltou ao assunto da suposta traição de Odilaine. Perguntou se o casal se separou na época. A testemunha disse que não.
Vanderlei Pompeo de Mattos, advogado de Graciele, retomou falando do depoimento dado por Elaine à polícia em 2014. Ela teria dito à polícia que Bernardo nunca contou nada de maus-tratos, contradizendo o que Pinto revelou no depoimento.
O advogado Gustavo Nagelstein pediu desculpas à testemunha e aos demais presentes pelo incidente com seu colega.