Uma série de vídeos e áudios revelou brigas, discussões e o descaso com o menino Bernardo Boldrini, assassinado aos 11 anos em abril de 2014 em Frederico Westphalen, noroeste do Rio Grande do Sul. As gravações foram citadas nesta segunda-feira (11) durante o primeiro dia do julgamento dos quatro réus em Três Passos.
Dois vídeos foram gravados por Leandro Boldrini. Em um deles o menino está dentro de um armário e pede para o pai parar de filmar. Em outro, ele também pede para pararem de filmar e empunha uma faca e um facão.
Na época, a delegada Caroline Bamberg — responsável pelo caso — observou que os vídeos eram "bastante reveladores".
Em outro vídeo, o menino grita "socorro" por cinco vezes seguidas. Na sequência, desenrola-se mais uma das tantas brigas entre a madrasta, Graciele Ugulini, e o menino, em agosto de 2013, na casa da família, em Três Passos. A discussão é presenciada por Leandro.
Na época, uma policial, responsável por fazer a transcrição do vídeo e entregar o documento oficial junto às imagens à Justiça, afirmou que a intenção de Graciele era registrar a agressividade do garoto contra ela e o pai. Porém, a briga saiu do controle e Bernardo foi ameaçado de morte. No vídeo, Boldrini, além de não fazer nada para acabar com a discussão, ainda mandou o menino "calar a boca". Bernardo berrou por socorro diversas vezes, até que a Brigada Militar foi chamada à residência para verificar o que estava ocorrendo.
— Vai lá agora, seu cagão, cagão — ironizou Graciele na chegada dos policiais.
Boldrini apagou o vídeo do celular após o assassinato de Bernardo, mas técnicos do IGP conseguiram recuperá-lo.