Após mais de seis horas de silêncio, o presidente Jair Bolsonaro lamentou na tarde desta quarta-feira (13) a morte de oito pessoas em uma escola estadual em Suzano, na região metropolitana de São Paulo.
Em mensagem nas redes sociais, ele afirmou: "Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atendado ocorrido hoje na escola Professor Raul Brasil, em Suzano. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos".
Antes da mensagem nas redes sociais, o Palácio do Planalto divulgou nota oficial, não assinada por Bolsonaro, lamentando o ocorrido. O documento ressaltou que o país foi abalado por uma "grande tragédia" e ofereceu "sinceros sentimentos às famílias das vítimas de tão desumana ação".
A demora do presidente foi criticada, em caráter reservado, por integrantes de partidos que apoiam o governo no Congresso. Para eles, Bolsonaro deveria, pelo menos, ter manifestado solidariedade às vítimas em mensagem nas redes sociais.
A manifestação do presidente ocorreu depois de integrantes de sua equipe ministerial já terem se pronunciado.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que foi ao local do crime, classificou o massacre como a cena mais triste que já viu.
— Com profunda tristeza, estou muito impactado com o que eu vi aqui nessa escola. Antes de tudo, às vítimas, aos pais dessas crianças, aos familiares dessas duas funcionárias dessa escola, a nossa solidariedade. A cena mais triste que eu já assisti em toda a minha vida — disse.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sergio Moro, lamentou a tragédia em nota.
"O ministério da Justiça e Segurança Pública lamenta o grave atentado à escola estadual professor Raul Brasil, em Suzano (SP), que provocou o trágico assassinato de crianças e funcionários e presta solidariedade aos familiares neste momento de dor e tristeza", diz trecho do comunicado.
Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez chamou a ação de "inadmissível".
"Crianças e jovens são o bem mais precioso de uma nação. É inadmissível que sofram qualquer tipo de violência. O ambiente escolar deve ser sagrado."
Mais cedo, o ministro da Secretaria-Geral, Floriano Peixoto, classificou o episódio como "tristíssimo". E o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, desejou sentimentos às famílias das vítimas.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, lembrou o massacre de Realengo (RJ) e notou a frequência desses casos.
— É muito triste e temos de chegar à conclusão de por que isso está acontecendo. Essas coisas não aconteciam no Brasil 1 afirmou.
— A minha opinião é que hoje a gente vê essa garotada viciada em videogame. E videogames violentos. É só isso que fazem — acrescentou.
Para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), "a tragédia de Suzano causa espanto, dor e revolta".
"Nada pode amenizar o sofrimento das famílias das vítimas. A elas minha solidariedade e meu desejo de que encontrem forças para resistir ao momento mais doloroso de suas vidas."
A tragédia serviu para que políticos defendessem suas posições sobre a liberação de armas, tanto contrários quanto favoráveis ao assunto.
O senador Major Olímpio (PSL-SP) afirmou que o massacre teria sido evitado caso os funcionários da escola estivessem com armas.
— Para você enfrentar uns demônios armados desses só mesmo com instrumentos semelhantes. Se a legislação no Brasil permitisse o porte de armas, um cidadão de bem na escola, seja um professor ou um servente, evitaria a tragédia, impedindo que prosseguissem a marcha da morte deles — disse.
Os irmãos Flávio e Eduardo Bolsonaro, senador e deputado federal, usaram a tragédia para criticar o desarmamento.
"Meus sentimentos a todos os familiares das vítimas covardemente assassinadas no colégio em Suzano. Mais uma tragédia protagonizada por menor de idade e que atesta o fracasso do malfadado Estatuto do Desarmamento, ainda em vigor", disse Flávio.
"É óbvio que num momento desses de comoção existem pessoas que vão tentar de todo jeito aproveitar as suas bandeiras contra o armamento", afirmou Eduardo.
Marcelo Freixo, deputado federal, (PSOL-RJ) falou, no Twitter, sobre a responsabilidade do debate. "Tragédias como essa mostram como o debate sobre o controle de armas precisa ser mais responsável."
Na mesma linha foi o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB).
"Lamentamos profundamente o ocorrido na E.E Professor Raul Brasil, em Suzano, que vitimou 8 pessoas, além dos assassinos. Precisamos ter responsabilidade no debate sobre o controle de armas. Nossa solidariedade e orações aos familiares e a comunidade escolar neste momento triste."