Uma série de problemas em equipamentos deixou inoperantes cinco câmaras frias do Departamento Médico-Legal (DML), no interior do Estado. Os espaços são destinados para guardar corpos de vítimas de acidentes de trânsito, homicídios, entre outros.
Em Passo Fundo, no norte do Estado, um problema no compressor de ar passou a atrapalhar a conservação dos cadáveres enquanto eram identificados. Por isso, o espaço foi desativado até o conserto. No local, é possível manter até seis vítimas por vez. Para contornar a situação, os corpos passaram a ser levados para Caxias do Sul, a 217 quilômetros de distância, ou pouco mais de três horas de carro.
Em Lajeado, no Vale do Taquari, o cenário se repete. Por lá, o problema ocorre porque os equipamentos têm mais de 30 anos de uso e precisam de manutenção constante. Recentemente, canos de cobre foram furtados, o que comprometeu ainda mais o quadro. Há espaço para três corpos. Sem funcionar, os cadáveres são levados para Porto Alegre, a 118 quilômetros de distância.
Outras três câmeras frias também estão sem uso: em Bagé, na Campanha; Cachoeira do Sul, na região central do Estado, e Rio Grande, no Sul.
Conserto é tratado com prioridade, diz diretora do DML
Conforme a diretora do Departamento de Perícias do Interior, Marguet Ines Hoffmann Mittmann, a situação de cada posto está sendo avaliada individualmente, mas o assunto é tratado pelo órgão com "prioridade". Diferentes empresas foram contratadas para fazer as manutenções. Em Passo Fundo, a previsão é que a câmara fria volte a operar em duas semanas.
– Com a identificação papilar (pelas digitais), o cadáver é liberado para família e não precisa ficar na câmara fria. Quando não conseguimos fazer a identificação tão rápido, guardamos nas câmaras frias – explica Marguet.
Para a presidente do Sindicato dos Servidores do Instituto-Geral de Perícias (Sindiperícias), Carla Jung, a situação reflete a falta de investimentos no órgão, agravada pela crise financeira que passa o Estado. Em Osório, no Litoral Norte, já foi usado até um caminhão frigorífico para guardar os corpos, segundo a sindicalista.