Após duas horas e 15 minutos de depoimento à Polícia Civil, a mulher do dentista de 52 anos — preso na semana passada por suspeita de matar e ocultar o cadáver do gerente do banco Jacir Potrich — afirmou que não viu ou ouviu nada suspeito no condomínio em Anta Gorda, no Vale do Taquari. O conjunto residencial é o último lugar em que Potrich foi visto.
A mulher de 51 anos, que também é dentista e não teve a identidade divulgada pela polícia, foi a última a chegar ao condomínio. Minutos antes, o marido dela, Carlos Alberto Weber Patussi, 52 anos, e Potrich, entraram.
— Os dois ingressam praticamente junto, com diferença de minutos entre um e outro — comenta o delegado Guilherme Pacífico, responsável pelo caso.
Aos investigadores, a mulher afirmou que apenas avistou o marido na parte externa da residência com um cabo de vassoura — esse objeto, segundo a investigação, foi usado por Patussi para desviar o foco de uma câmera. A dentista disse, ainda, que passou em casa para tomar banho antes de sair novamente, pois ia participar de um curso em Porto Alegre.
— Ela acha que o marido não tem envolvimento e que não o considera suspeito — observa o delegado.
No depoimento, a mulher disse que não desconfiou do companheiro nem mesmo com a notícia do desaparecimento do vizinho. Sobre a rixa entre Patussi e Potrich, ela disse que a situação não era tão grave e, no testemunho, disse que a troca de endereço do Sicredi na cidade não era motivo para que o marido fizesse algo. O prédio antigo era locado pelo dentista, que considerou a mudança uma traição do bancário por não ter sido avisado.
Segundo o delegado, a mulher se manteve calma no depoimento e não chegou a ser interrompida pelos dois advogados que a acompanhavam.
Álcool de cozinha
Os investigadores também questionaram a dentista da grande quantidade de álcool de cozinha encontrada na residência. A mulher explicou que os produtos são utilizados para a limpeza dos dois consultórios, da casa e para queimar folhas. Nos fundos do terreno, árvores revelam que foi feito fogo que resultou em altas labaredas que ficaram marcadas nas plantas. Perguntada sobre isso, disse que não tinha reparado.
Além disso, a dentista disse desconhecer o que possa ter acontecido com o corpo de Jacir. Uma faxineira também estava na casa. Ela já foi ouvida pela polícia e disse que não percebeu nenhuma anormalidade.
Antes do depoimento, a mulher foi procurada pela reportagem na delegacia e disse que não queria se manifestar, o que foi mantido após ser ouvida.
Na saída da delegacia, o advogado Felipe Pozzebom, que defende o dentista Carlos Alberto Weber Patussi, afirmou que a mulher do seu cliente prestou todos os esclarecimentos à polícia:
— Ela tem todo o interesse que a verdade seja reestabelecida, essa questão seja resolvida o mais rápido possível para que seu marido seja posto em liberdade e a vida volte ao normal e que seja virada essa página.