Um homem identificado como Jean Carlos Paida, 23 anos, foi assassinado a tiros por volta das 5h20min deste domingo (16), em Bento Gonçalves. As informações são da Brigada Militar (BM).
Conforme a BM, Paida foi atingido por diversos disparos em uma rua do bairro Eucaliptos e morreu no local. A vítima era natural de Chapecó, em Santa Catarina, e estava em prisão domiciliar desde sexta-feira. A Polícia Civil investigará o caso.
Este é o 35° homicídio ocorrido neste ano em Bento Gonçalves. Com a morte de Paida, a cidade supera o número de assassinatos registrados durante todo o ano de 2017. Para tentar conter a escalada de violência, desde a última quarta-feira policiais da Patrulha Especial (Patres) do 1º Batalhão de Operações Especiais de Porto Alegre (BOE) auxiliam no policiamento da cidade.
Cidade já acumula 97 assassinatos desde janeiro de 2016
Nem mesmo o reforço de policiais militares do 1º Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre, que estão realizando diversas operações para prender criminosos, consegue frear a onda de mortes violentas em Bento Gonçalves.
Ao romper novamente a marca histórica de assassinatos na madrugada deste domingo (é a quinta vez que isso acontece nos últimos cinco anos), a cidade chega a um estágio de violência que ainda não é ápice, segundo projeção das próprias autoridades. Já são 35 mortes neste ano (em todo 2017, foram 34 casos), o maior número registrado, o que segue mantendo o município entre os mais violentos no Estado pela proporção de habitantes pelo total de homicídios.
Jean Carlos Paida, 23 anos, natural de Chapecó (SC), é o nome mais recente nessa lista de mortes violentas. Com passagens por tráfico de drogas e outros delitos no Estado vizinho e no Rio Grande do Sul, Paida levou vários tiros em uma travessa da Rua Ari da Silva, no bairro Eucaliptos, por volta das 5h15min deste domingo. Segundo a BM, ele estava em prisão domiciliar desde a última sexta-feira. A comunidade onde ocorreu a execução está no foco do trabalho da BOE desde a semana passada. Neste ano, dos 35 assassinatos, 23 aconteceram nos bairros Eucaliptos, Zatt, Ouro Verde e Municipal.
Até agora, do total de mortes no ano, a Polícia Civil tem certeza de que 18 delas têm relação direta com a disputa pelo controle de pontos de tráfico na cidade. Apenas oito mortes estão esclarecidas. O interesse das facções criminosas por Bento Gonçalves é notório há meses. Considerando os casos registrados desde 2016, período em que a guerra do tráfico começou a provocar execuções em sequência, o município acumula 97 assassinatos, a maioria de pessoas ligadas à criminalidade. São os traficantes locais perdendo espaço para as organizações associadas de Caxias do Sul e da Região Metropolitana.
— Entendo que só vamos conseguir reduzir a violência se os presos ficarem presos — afirma o secretário municipal de Segurança, tenente-coronel José Paulo Ianke Marinho.
O apelo do experiente policial tem amparo na recente soltura de dois criminosos envolvidos no assalto a um mercado em Bento Gonçalves, em maio passado. No ataque, duas pessoas foram baleadas na perna. Os bandidos ganharam liberdade e já circulam pelo bairro onde cometeram o crime.
— Nos sentimos impotentes diante desse tipo de situação — desabafa Marinho.
RANKING NEGATIVO
* Considerando a quantidade de assassinatos pelo total de habitantes, Bento Gonçalves ocupa a segunda posição das cidades mais violentas da Serra gaúcha. Com 119 mil habitantes e 35 homicídios no ano, a taxa atual é de 29 mortes por 100 mil habitantes.
* Pior do que Bento, só mesmo a situação vivenciada em São Marcos, com 13 assassinatos para 21,4 mil habitantes, proporcionalmente a cidade com a taxa mais alta na região (60).
* Garibaldi (19,7), Gramado (19,5), São Francisco de Paula (18,4) e Caxias do Sul (18) aparecem na sequência como os municípios com mais homicídios na Serra x total de moradores, respectivamente.