Jovens, com muita tranquilidade, sempre no mesmo horário e com as mesmas armas. Assim agia a quadrilha que assaltou dez agências dos Correios no Rio Grande do Sul.
Segundo a Polícia Federal, um ataque ocorreu em 2017 e o restante nesse ano. Em todos os casos, funcionários e clientes foram mantidos reféns sob a mira de armas.
A investigação iniciou o ano passado quando três assaltos foram elucidados. Os autores dos ataques aos Correios de Capivari do Sul, Candelária e Rolante foram presos no final do ano. Eles eram moradores do bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo.
O que chamou a atenção da Polícia Federal foi o fato de que, apesar das prisões, os ataques continuaram no ano seguinte. As investigações apontaram que um grupo, da mesma região do Vale do Sinos, era quem continuava cometendo os crimes.
—Todos os bandidos eram do mesmo círculo social. Conforme se prendia um integrante, rapidamente outro assumia o posto. O local funcionava como uma fábrica de delinquentes — disse o delegado Robson Robin da Silva, da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas(Delepat).
Ainda segundo o delegado, dois dias antes de cometer o crime, o grupo ia até a cidade com dois carros sem ocorrências. Faziam o levantamento da região, onde seriam os pontos de encontro e retornavam para o Vale do Sinos. As câmeras das praças de pedágio confirmam.
No dia do assalto, eles saíam de São Leopoldo por volta das 6h30min em três carros, sendo um roubado. Chegavam na agência dos Correios usando o carro irregular no momento em que ela estava abrindo, entre 9h e 9h30min. Em seguida, rendiam os funcionários e os clientes conforme eles chegavam. Em um dos assaltos, em Capivari do Sul, 25 pessoas foram rendidas. Eles aguardavam o cofre abrir, recolhiam o dinheiro e fugiam. Permanecendo entre 30 minutos e 50 minutos no interior do local.
Na fuga, usavam o carro roubado que era abandonado em seguida. Nem sempre retornavam automaticamente para o Vale do Sinos. Geralmente ficavam na cidade e só retornavam no final do dia.
No total, somando os dez ataques, a Polícia Federal acredita que o grupo tenha roubado cerca de R$ 160 mil. O alvo eram somente os cofres. O delegado ressalta ainda que parte do dinheiro era gasta com festas, telefones de última geração, armas e drogas.
—Identificamos que quase tudo era gasto com futilidades. Pouca coisa era usada para pagar os carros roubados e drogas — diz.
A investigação percebeu que os criminosos cobriam os dedos das mãos com cola para não deixar as impressões digitais. Só que, um tubo de cola foi achado em um dos locais de crime e nesse tubo foi deixada uma digital. A mesma que apareceu em um dos carros usados pela quadrilha, levando até um dos criminosos.
Não foi identificada a participação de funcionários dos Correios. A Polícia Federal investiga um homem que seria o líder do grupo, mas que ainda não foi preso.
Na Operação Correio Seguro VIII, realizada na manhã desta segunda-feira, 50 policiais cumpriram dez mandados de busca e oito de prisão nas cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo. Três homens foram presos, quatro mandados foram cumpridos na cadeia, e um homem está não foi encontrado. Ele tinha três mandados contra ele pois teria sido identificado em três ataques.
Foram apreendidos telefones celulares, uma arma, uma mochila e dois carros que eram utilizados pela quadrilha. Não foi encontrado dinheiro.
—Estamos na etapa oito e termos a etapa nove, dez, quantas forem necessárias. A investigação é constante— ressalta o delegado.
A primeira fase da Operação Correio Seguro ocorreu em 2016. De lá pra cá, já foram dezenas de prisões e diferentes grupos desarticulados.
Roubos
Tabaí - Fevereiro de 2017
Bom Retiro do Sul - Janeiro e maio de 2018
Capivaria do Sul - Fevereiro e maio de 2018
Nova Petrópolis - Março de 2018
Taquari - Março de 2018
Rolante - Maio de 2018
Candelária - Maio de 2018
Doutor Ricardo - Junho de 2018