O juiz federal Walter Nunes da Silva Junior, da 2ª Vara Federal Criminal de Natal (RN), determinou o retorno ao Rio Grande do Sul de três líderes de facções gaúchas que estão em prisões de segurança máxima de Mossoró. Eles foram transferidos para fora do Estado com outros 24 presos na Operação Pulso Firme, em julho de 2017.
Na decisão, o magistrado argumenta que o trio não deve continuar na instituição por já ter perdido suas funções de liderança.
"O fato de já estar afastado do Estado, pelo período de um ano, já faz como que se acredite na perda de sua função de liderança na facção, já que neste terreno, como é sabido de todos, os espaços não ficam vagos", determinou o magistrado em decisão publicada.
O chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Emerson Wendt lamentou a decisão e disse que o magistrado não conhece a realidade do RS.
— É uma decisão lamentável. Respeitamos o Judiciário como um todo, mas justamente por conhecermos a realidade do Rio Grande do Sul, sabemos que pode impactar a violência, principalmente das cidades da Região Sul, como Pelotas e Rio Grande, onde eles atuavam.
Retornarão ao RS:
Tiago Gonçalves Prestes
Conhecido como Tiago Pasteleiro, foi condenado a oito anos de prisão. Natural de Pelotas, ele seria integrante da quadrilha dos Tauras, aliada à facção Os Manos. Esteve entre os detentos que fugiram do Presídio de Pelotas com o uso de um caminhão para derrubar o muro.
José Marcelo Reyes Morales
Chamado de Camarão, cumpre quatro anos de prisão. Natural de Pelotas, ele seria integrante da quadrilha dos Tauras, que é uma das aliadas da facção Os Manos na região sul do Estado. Fez parte de um grupo de detentos do Presídio de Pelotas que fugiu ao derrubar um muro com um caminhão.
Fábio Luis da Silva Mello
Conhecido como Fábio do Gás. Com condenações por tráfico de drogas, ele é apontado pela polícia como o principal líder do tráfico na região de Rio Grande. Aliado à facção Os Manos, controla a região sul do Estado. Um dos principais braços da interiorização das facções.
O juiz deu prazo de 30 dias para as transferências. As decisões sobre Prestes e Morales foram publicadas em 26 de julho, já a determinação sobre Mello foi proferida nesta quarta-feira (1º).
O trio foi condenado por tráfico de drogas, homicídio e tortura e tem histórico de fugas de presídios. Wendt adiantou que a polícia já pensa em uma estratégia para evitar que a transferência reviva antigos conflitos no sul do Estado.
Relembre
A Operação Pulso Firme transferiu 27 presos gaúchos para presídios federais, em julho de 2017. No inicio deste mês, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul atendeu a pedido do Ministério Público e determinou que 17 presos continuassem fora do Estado. O MP/RS vai solicitar que o Ministério Público Federal recorra da decisão.