Uma das hipóteses da Polícia Civil é que a chacina, com sete mortos na zona norte da Capital, na noite desta quinta-feira (19), possa ter sido motivada por cobrança de dívidas de tráfico. Embora não descarte outras motivações relacionadas ao comércio de drogas, como disputa de território ou conflitos entre facções, para a equipe do Departamento de Homicídios o perfil das vítimas e o modo de ação dos criminosos aponta para essa linha de investigação.
— Era uma casa bastante deteriorada que servia para as pessoas consumirem drogas. A investigação vai se desenvolver nesse cenário. Parece, pelo perfil das vítimas que foram alvo, que seja algo mais relacionado a essa questão de cobrança. Mas não podemos descartar nada ainda — afirmou o delegado Paulo Grillo, diretor do Departamento de Homicídios, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (20).
Das sete vítimas identificadas , cinco tinham antecedentes por crimes patrimoniais, como furto e roubo. Somente um deles tinha passagens por tráfico de drogas. Ainda faltam informações sobre a ficha criminal da grávida de oito meses.
O tipo de armamento e a forma de execução empregada pelos criminosos chamou a atenção dos policiais, já que três homens, armados com pistolas, teriam desembarcado de um veículo e ingressado na casa.
— Não nos parece que eles estavam armados para um enfrentamento entre facções. As drogas trazem motivação variada como disputa de território, como cobrança de dívidas, mas ali havia usuários, que poderiam estar devendo — disse o delegado.
A polícia não descarta que parte das vítimas não fosse o alvo dos bandidos, mas tenha sido executada porque estava no mesmo local.
— Muitas vezes indivíduos inescrupulosos, que agem com essa violência exacerbada, podem até ter um ou outro alvo inicial para matar, mas como existem outros local, às vezes até inocentes, que não tem nada a ver, acabam por ser vítimas — afirmou Grillo.
Executados com tiro na cabeça
No momento em que os criminosos chegaram ao local havia, pelo menos, entre 10 e 12 pessoas na casa, conforme o relato de testemunhas. Os três bandidos desembarcaram de um veículo, uma das suspeitas é de que seria um táxi, e ingressaram na residência. Quando perceberam a chegada, algumas pessoas conseguiram escapar correndo.
Armados com pistolas, os assassinos renderam quem estava dentro da casa. Uma grávida, de oito meses, foi morta logo na entrada. As outras vítimas ainda tentaram escapar. Seis pessoas morreram no local. Um sétimo baleado chegou a ser socorrido, mas morreu, e um oitavo segue hospitalizado.
— Toda a dinâmica do fato ocorreu dentro da casa. Me parece que as vítimas acabaram ficando encurraladas. Uma das vítimas teria tentado se esconder e estava até com uma armário sobre ela — afirmou o delegado Gabriel Bicca, do Departamento de Homicídios.
A perícia recolheu 14 estojos de pistola 9 milímetros no local. Ainda segundo o delegado, não teriam sido efetuados disparos a esmo. As vítimas foram rendidas e mortas quando já estavam no chão.
— Segundo as testemunhas não teria havido rajada. Houve uma referência de que teriam pedido para que as pessoas deitassem e se ajoelhassem. E foram fazendo pontualmente as execuções. Todas praticamente foram executadas com tiro na cabeça — relatou Bicca.
As vítimas
Foram identificados todas as vítimas da chacina. Os mortos são Adriano Müller Guimarães, 35 anos, que morreu no hospital, Breno Eli Silva de Freitas, 71 anos, Douglas Seelig de Fraga, 38 anos, Jair da Luz de Souza, 49 anos, e Najara Katiane Schumacher Pereira, 30 anos, Vantuir Francisco Zanella Vieira, 39, e Rita Borba de Aguiar, 33. A outra vítima, que segue hospitalizada, não teve o nome divulgado.
Investigação
Segundo a Polícia Civil não tinham sido identificados suspeitos do crime até o início da tarde desta sexta-feira. A polícia pede que quem tiver informações, que possa colaborar com as investigações, entre em contato, ainda que de forma anônima. O telefone para repassar denúncias ao Departamento de Homicídios é 0800-6420121.
— É um fato extremamente grave e por essa razão são tratados com máxima prioridade. Estamos aguardando que as pessoas que sabem de algo colaborem com a polícia. Toda informação será checada — disse o delegado Grillo.