A morte do motorista de aplicativo Sidney Moreira, 41 anos, deixou em choque amigos e familiares. Desaparecido desde sexta-feira (20), o corpo dele foi encontrado na manhã deste domingo (22) em matagal às margens de estrada em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre.
O carro da vítima estava a 16 quilômetros do local onde foi achado o corpo. Um amigo de infância de Moreira, que preferiu não ser identificado, conta que a última viagem registrada iniciou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Após o crime, o Renault Kwid foi localizado praticamente no ponto de partida. Pelos indícios, a polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo com morte).
Quando criança, Moreira viveu no bairro Passo das Pedras, zona norte de Porto Alegre. Mais tarde foi morar em Alvorada, na Região Metropolitana, onde residia atualmente com a esposa e a filha de sete anos. Além deles, ele deixa quatro irmãos.
Passado o crime, o amigo de infância enumera as qualidades dele:
—Era um cara trabalhador, pai de família, um bom marido, um ótimo filho e amigo dos amigos. Jamais reagiria a alguma agressão. Foi crueldade o que fizeram — conta o homem, com os olhos em lágrimas.
Uma sobrinha do motorista, de 34 anos, destaca o bom humor dele:
— Uma pessoa excepcional, todos amavam. Era sempre participativo, querido, trabalhador, muito brincalhão com amigos e familiares. Era meu tio, mas nos criamos juntos — salienta a jovem.
App era segundo emprego
O trabalho como motorista de aplicativo era o segundo emprego para Moreira. Ele atuava como representante comercial de produtos alimentícios e, aos finais de semana, fazia as corridas com seu carro. O serviço servia para complementar a renda, segundo familiares e amigos ouvidos pela reportagem.
— Ele trabalhava em vendas como autônomo e fazia Uber para complementar a renda — conta uma sobrinha dele, que preferiu não se identificar.
Sem medo da violência
Um dos irmãos, que também não quis ter o nome revelado, relatou que Moreira não tinha medo da violência.
— Eu que pedia para ele se ligar — afirmou.
Apesar disso, o motorista evitava fazer corridas à noite. Conforme a família, ele estava há seis meses trabalhando no aplicativo. A Uber confirmou que ele era cadastrado no aplicativo e que está acompanhando o caso (veja nota abaixo).
O velório acontecerá na capela J do cemitério Jardim da Paz, na zona leste de Porto Alegre, assim que o corpo for liberado. O sepultamento está marcado para as 11 horas desta segunda-feira (23), no mesmo local.
Confira o posicionamento da Uber:
Nossos sentimentos de mais profundo pesar vão para a família de Sidney. A Uber lamenta profundamente que motoristas parceiros sejam alvo de violência, uma vez que vão às ruas todos os dias para contribuir com a mobilidade de nossas cidades e gerar renda para suas famílias. Vamos trabalhar com as autoridades para apoiar as investigações da melhor forma possível para que o responsável seja levado à Justiça o mais rapidamente possível.
Confira o posicionamento da Associação de Motoristas Particulares e de Aplicativos do Rio Grande do Sul :
Não dá mais para aceitar que as empresas de transporte urbano por aplicativo não tenham absolutamente nenhuma responsabilidade sobre os roubos, assaltos e principalmente as mortes que vem acontecendo em nossa cidade. As empresas exigem uma série de documentos aos motoristas para qualificá-los e para garantir a segurança dos usuários, o que achamos totalmente correto. Mas não é feito nenhuma exigência para os usuários com pagamento da corrida em dinheiro. Para garantir o mínimo de segurança aos seus parceiros as plataformas deveriam exigir pelo menos upload de um documento oficial válido como CNH ou RG e um comprovante de endereço. Assim podemos minimizar os riscos e a polícia teria uma linha de investigação para começar. A responsabilidade de colocar o usuário dentro do carro do motorista é a plataforma e ela tem que se responsabilizar por isso. Com muito trabalho e empenho conseguimos aprovar emendas para melhorar a segurança dos motoristas mas, o prefeito Marchezan vetou todas as emendas. Estamos trabalhando novamente junto à Câmara dos Vereadores para derrubar os vetos.