— Vou deixar ela vir.
Foi o que Maria de Fátima Martins Duarte disse ao marido quando percebeu que não haveria tempo de chegar ao Hospital Fêmina, em Porto Alegre. Naquela madrugada de 10 de setembro de 1999, o bebê nasceu ali mesmo, dentro do carro. A mãe aninhou nos braços sua pequena de cabelos escuros e olhos verdes. Era uma menina de 49,5 centímetros e 3,49 quilos. Tudo como havia sonhado. A madrugada permanece viva na memória. Mas agora as lembranças se unem à dor de quem sabe que a filha nunca mais virá. Na quinta-feira (31), Débora Cassiane Martins Duarte foi morta, aos 18 anos, na zona norte da Capital. O companheiro alega disparo acidental.
— Ela queria viver. Queria ser feliz. Foi criada com muito amor e carinho — diz a mãe.
Acima, assista ao vídeo em que a mãe fala da relação com a filha e o que pretende fazer daqui para a frente.
O empresário Marcelo de Oliveira Bueno, 37 anos, companheiro de Débora, alega que estava limpando a pistola e que o disparo foi acidental. A família da jovem não acredita na versão. Ele chegou a ser preso por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mas teve a liberdade concedida menos de um dia depois. O caso segue sendo investigado pela 2ª DHPP da Capital.
— É muito difícil saber que nunca mais o telefone vai tocar e ela vai dizer "mãe, tô indo pra aí". Nunca mais.
Contraponto
Segundo o advogado Flávio José Cenatti, o empresário descreveu o relacionamento com a vítima como "muito bom". Ele alega que não houve premeditação.
— Não houve dolo e nem intenção. O relacionamento era muito bom entre os dois e ocorreu uma fatalidade — afirmou.