O mandante da morte da própria namorada, Nathan Sirangelo, 23 anos, teria pedido autorização de uma facção criminosa aliada para cometer o crime em território alheio ao seu domínio. O corpo de Paola Avaly, 18 anos, foi encontrado em 17 de maio, na Vila Tamanca, zona leste de Porto Alegre. A execução dela foi gravada em vídeo e divulgada nas redes sociais.
Sete pessoas foram presas e um adolescente apreendido por envolvimento no crime (veja abaixo a participação detalhada de cada um, segundo a polícia). Paola conheceu Nathan pelas redes sociais, quando ele já estava recluso no Presídio Central. As mesmas redes que aproximaram o casal serviram de pano de fundo para o assassinato de Paola.
No dia 9 de maio, Paola foi ao Presídio Central e teria terminado o relacionamento com Nathan. Quatro dias depois, no dia 13, ela fez uma postagem na qual chamou o ex-namorado de corno. No mesmo dia, Paola acabou sendo morta.
Conforme a delegada Tatiana Bastos, o assassinato foi acertado com Bruno Cardoso Oliveira, vizinho de galeria de Nathan no Presídio Central. Considerado o segundo mandante da morte de Paola, ele possui sete antecedentes por homicídios e outros sete por tentativas de assassinato. De dentro da cadeia, Nathan e Bruno acertaram detalhes do crime e passaram as instruções por telefone para comparsas que estavam do lado de fora.
A "negociação" entre os dois precisava ocorrer porque Nathan era "gerente" de uma boca de fumo na Bom Jesus, enquanto Bruno atuava na mesma função na Vila Tamanca, no bairro Agronomia, zona leste de Porto Alegre. A intenção ao cometer o crime em área fora do seu comando era evitar que as atenções policiais recaíssem sobre a Bom Jesus.
— O Nathan tem interesse em executar a vítima, mas para ele executar naquele local, uma vez que ele é gerente de outra boca e não daquela, ele precisa da anuência do gerente local — reforça a delegada.
Bruno também fez os primeiros contatos com os dois homens que foram encontrar-se com Paola. São eles: Vinicius e Carlos Cleomar. Inicialmente, Paola não aceitou se encontrar com eles no dia 12 de maio. Entretanto, acabou cedendo.
— Ela acaba aceitando esse encontro na manhã de domingo e vai voluntariamente nessa escola, onde ela aguarda por eles — observa Tatiana Bastos.
Em seguida, Paola foi levada para uma casa onde estavam outras duas pessoas. Ali foi torturada psicologicamente, teve as mãos e os pés amarrados e foi levada até um matagal.
Aguardou duas horas até a cova ser aberta. E, ao ver o final trágico, ainda pediu inúmeras vezes desculpas a Nathan por telefone, como se suplicasse pela sua vida. Sem efeito, entrou na cova e acabou morta com dois tiros.
— Ela achou que inicialmente iriam cortar o seu cabelo, porque é uma maneira de demonstrar o seu poder sobre a condição de mulher. Está claro que se trata de um feminicídio. Há uma violência de gênero. Embora tenhamos uma organização criminosa envolvida e uma execução muito típica de tráfico de drogas, com dois tiros no rosto e uma cova cavada naquele mesmo dia, há um total menosprezo pela condição de mulher — afirma a delegada.
A participação de cada um no crime, de acordo com a Polícia Civil:
- Nathan Sirangelo, 23 anos: mandante do crime e ex-namorado de Paola. Está preso no Presídio Central, em Porto Alegre.
- Bruno Cardoso Oliveira, 23 anos: segundo mandante do crime. Está preso no Presídio Central. Possui sete antecedentes por tentativas de homicídios e outros sete por homicídio consumado. Está na mesma galeria de Nathan. Na morte de Paola, repassou as instruções da atuação de cada um dos comparsas e ainda deu a ordem final para matar Paola. Ele é "gerente" do tráfico de drogas na Vila Tamanca, onde a jovem foi morta.
- Thaís Cristina dos Santos, 20 anos: fez a gravação da morte de Paola, com o próprio celular da vítima. No dia do crime, também ficou "cuidando" da vítima enquanto ela estava em poder dos criminosos. Segundo a polícia, não possui antecedentes criminais.
- Vinicius Matheus da Silva, 20 anos: levou Paola até uma casa na Vila Tamanca. Segundo a polícia, foi ele quem disparou contra a jovem.
- Carlos Cleomar Rodrigues da Silva, 34 anos: levou Paola até uma casa na Vila Tamanca.
- Paulo Henrique Silveira Merló, 35 anos: fez a cova onde Paola foi enterrada.
- Adolescente de 17 anos: também monitorou a vítima.
- Sétimo preso, que não teve o nome divulgado: estava foragido e foi preso por favorecimento, por ter ajudado a esconder Thaís Cristina, encontrada no bairro Rubem Berta.