Sete pessoas foram presas e um adolescente de 17 anos foi apreendido por suspeita de envolvimento na morte da jovem Paola Avaly Corrêa, 18 anos, que foi registrada em vídeo. O corpo foi encontrado em 17 de maio, na Vila Tamanca, zona leste de Porto Alegre.
Paola desapareceu quatro dias antes, quando teria saído de casa para visitar o namorado no Presídio Central. Conforme a Polícia Civil, antes do encontro, ela foi raptada e levada até a cova onde foi executada com pelo menos dois tiros na cabeça.
As investigações apontaram que o crime foi motivado por questões de gênero. O namorado dela, que está preso por tráfico de drogas, seria um dos mandante do crime. Por isso, o caso começou a ser tratado como feminicídio.
De acordo com a Polícia Civil, o crime foi ordenado por dois detentos do Presídio Central: Bruno Cardoso Oliveira, 23 anos, e Nathan Sirangelo, 23 anos, que seria o namorado da vítima. O motivo alegado seria uma suposta traição, não comprovada ao longo da investigação.
Conforme a delegada Tatiana Bastos, inicialmente o ex-companheiro queria dar "um susto" em Paola.
Além dos dois, foram presos Carlos Cleomar Rodrigues da Silva, 34 anos, Thaís Cristina dos Santos, 20 anos, Paulo Henrique Silveira Merlo, 35 anos, e Vinicius Matheus da Silva, cuja idade não foi divulgada. Os seis responderão por ocultação de cadáver e homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel ou que dificultou a defesa da vítima e feminicídio).
Um sétimo suspeito foi preso por dificultar as investigações, ao ajudar a esconder Thaís Cristina dos Santos no bairro Rubem Berta, por cerca de dois meses. Ele não teve o nome divulgado e responderá por favorecimento.
Para elucidar o crime, a polícia contou com a confissão de três pessoas: de Vinicius, de Paulo e de Thaís. Vinicius foi uma das pessoas que se encontraram com a vítima no bairro Cefer II, antes de ela ser levada para uma casa na Vila Tamanca. Além disso, ele efetuou os dois disparos em Paola. Já Paulo abriu a cova na mata e Thaís foi a pessoa que teria feito a gravação.
Ainda segundo a delegada, durante o tempo em que permaneceu com o grupo, Paola sofreu tortura psicológica e falava por telefone com Nathan, com seu próprio celular.
— Na mata, ela conversa com o Nathan ao telefone e pede desculpas inúmeras vezes. Se vocês observarem o vídeo, inclusive ela fala "desculpa" dentro da cova, se resigna e aceita, compreendendo qual seria o destino dela, que ela seria executada — salienta a delegada.
Conforme a polícia, a gravação da morte de Paola foi feita usando o celular da vítima. O aparelho foi descartado e não foi encontrado.
O vídeo da execução foi gravado em um matagal e mostra uma pessoa com uma arma atirando duas vezes contra Paola. Outra pessoa filma. Antes de ser baleada, a vítima se deita em uma cova, que parece ter sido recentemente aberta pelos criminosos. Ela não reage à ação.
GaúchaZH teve acesso ao vídeo, mas em respeito à família e aos leitores não reproduz o material.
A participação de cada um no crime, de acordo com a Polícia Civil:
- Nathan Sirangelo, 23 anos: mandante do crime e ex-namorado de Paola. Está preso no Presídio Central, em Porto Alegre. Ele é considerado "gerente" em uma boca de fumo na Bom Jesus
- Bruno Cardoso Oliveira, 23 anos: segundo mandante do crime. Está preso no Presídio Central. Possui sete antecedentes por tentativas de homicídios e outros sete por homicídio consumado. Está na mesma galeria de Nathan. Na morte de Paola, repassou as instruções da atuação de cada comparsas e ainda passou a ordem final para matar Paola. Ele é "gerente" do tráfico de drogas na Vila Tamanca, onde a jovem foi morta.
- Thaís Cristina dos Santos, 20 anos: fez a gravação da morte de Paola, com o próprio celular da vítima. No dia do crime, também ficou "cuidando" da vítima enquanto estava em poder dos criminosos. Segundo a polícia, não possui antecedentes criminais.
- Vinicius Matheus da Silva, 20 anos: levou Paola até uma casa na Vila Tamanca. Segundo a polícia, foi ele quem teria disparado contra a jovem.
- Carlos Cleomar Rodrigues da Silva, 34 anos: levou Paola até uma casa na Vila Tamanca.
- Paulo Henrique Silveira Merló, 35 anos: fez a cova onde Paola foi enterrada.
- Adolescente de 17 anos: também monitorou as vítimas.
- Sétimo preso, que não teve o nome divulgado: estava foragido e foi preso por favorecimento, ao ajudar a esconder Thaís Cristina, encontrada no bairro Rubem Berta.