Morreu na manhã desta segunda-feira (25), o narcotraficante Ariovaldo Bopsin da Silva, o Mulita, 44 anos. Ele havia sido baleado no dia 30 de maio durante buscas da Polícia Civil em São Marcos, e estava internado na Associação Hospitalar Vila Nova, em Porto Alegre. Na época, Bopsin tinha dois mandados de prisão e teria sacado a pistola 9mm contra os policiais, que reagiram.
O confronto ocorreu com agentes da Delegacia de Entorpecentes, Furtos, Roubos e Capturas (Defrec), de Caxias do Sul, que monitoravam os passos do foragido há semanas. Conforme o delegado Adriano Linhares, Mulita era alvo de mandado de prisão preventiva, expedido pela 5ª Vara Federal de Foz do Iguaçu (PR), e o outro para cumprimento de sentença penal, pela 1ª Vara de Execuções Criminais de Caxias do Sul.
Tráfico internacional e fuga da cadeia
Apesar de ter apenas uma condenação de quatro anos de reclusão — por porte ilegal de arma em 2010 —, Mulita era considerado um dos principais traficantes da Serra. Em 2011, investigação sobre ele resultou em 62 pessoas indiciadas. O esquema foi mapeado a partir do depoimento de presidiários e identificou traficantes de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha, São Marcos e Vacaria que adquiriam drogas do chefe da organização.
No comando da quadrilha, de acordo com a investigação da época, Mulita contava com o irmão Antônio Volni Topsin da Silva. Os entorpecentes eram "importados" do Paraguai e chegavam à Serra em carros de passeio.
O tráfico internacional dos irmãos Bopsin seria novamente mapeado em 2016, durante a Operação Decode da Polícia Federal (PF). Aquela investigação se iniciou após a fuga de Mulita, junto a outros dois apenados, do Presídio Regional de Caxias do Sul. Um outro detento gravou, com um celular, os três criminosos escalarem o muro da cadeia com o apoio de corda feita de lençóis.
Bopsin e Everton Ribeiro Zotti seriam recapturados em fevereiro durante a investigação do assalto a um hotel de Florianópolis. De acordo com o delegado Noerci da Silva Melo, Bopsin estava praticando roubos para conseguir dinheiro para comprar drogas no Paraguai e vender na Serra Gaúcha. Com Mulita no Estado vizinho, o irmão Antônio seria responsável por gerenciar a distribuição do entorpecentes em solo gaúcho e, assim, também foi preso.
A Operação Decode também sequestrou bens do grupo — três casas em Caxias, além de três apartamentos e um imóvel em Florianópolis — que teriam sido adquiridos com o dinheiro do tráfico.
Início como assaltante
O monitoramento policial sobre Mulita é ainda mais antigo. Em 2007, foi indiciado como membro do grupo conhecido como Quadrilha da Van. O bando ficou conhecido assim por utilizar esses veículos para arrastar caixas eletrônicos para fora de agências bancárias.
Quem também fazia parte daquele bando era Elisandro Rodrigo Falcão, que chegou a ser considerado o foragido número 1 do Rio Grande do Sul e morreu após um assalto a uma fábrica de joias em 2012.
O inquérito policial sobre a Quadrilha da Van tem mais de 740 folhas, divididas em quatro volumes, com provas e indícios da participação de 16 pessoas no bando que, durante nove meses, protagonizou violentas ações em diversos municípios da Serra.