O estupro de mulheres apresentou aumento de 4,9% no Rio Grande do Sul – foram 598 registros contra 570 no mesmo período de 2017. Também em relação aos crimes contra mulheres, em Porto Alegre houve aumento nos registros de ameaças (2%) e de lesão corporal (6,8%). Os registros dos casos de estupro na Capital tiveram redução, de 12,4%. Ainda assim, foram 78 contra 89 no mesmo período de 2017.
Para o secretário da Segurança Pública do Estado, no entanto, esse aumento dos índices está relacionado ao fato de que mais vítimas têm registrado os crimes.
— Acredita-se que apenas 10% das mulheres registram esse tipo de crime. E as mulheres precisam registrar. Esse índice indica que as mulheres, as vítimas, estão reduzindo seu medo, seu constrangimento, que as impede de procurarem a polícia — afirmou Cezar Schirmer, durante a divulgação dos indicadores de criminalidade no Estado nesta sexta-feira (18).
O cientista social Charles Kieling, professor dos cursos de Tecnologia em Segurança Pública e Gestão Pública da Feevale, também afirma que a maioria dos casos não são registrados pelas mulheres.
— Em alguns momentos as mulheres de uma comunidade são empoderadas, vão e denunciam, mas boa parte tem medo de fazer essas denúncias contra o marido por uma diversidade de situações porque vão perder a casa, os filhos, ficar desamparadas. Tem todas essas questões — afirma.
O secretário Schirmer argumentou ainda que a violência doméstica, seja física ou psicológica, acaba impactando em aspectos da criminalidade como um todo.
— A sociedade que vivemos é reflexo da violência doméstica, daquilo que acontece dentro de casa. Imagina uma criança criada num ambiente de violência. Essa criança vai reproduzir na rua o que viu dentro de casa. Vai ser violenta na escola, na rua. E quando crescer vai continuar sendo violenta.
Kieling concorda que esse tipo de realidade pode gerar impactos no comportamento futuro dos filhos, que podem repetir o que presenciaram dentro de casa.
— A criança que está nesse ambiente vai fazer igual depois. Ela vai bater também. Quando analisamos o caso de uma criança que costuma se envolver muito em brigas na escola, por exemplo, acabávamos encontrando na família o cenário de violência doméstica.
Para o especialista, o caso da jovem que teve a execução gravada em um vídeo, em Porto Alegre, no último fim de semana, é um exemplo da violência sofrida pelas mulheres. Paola Avaly Corrêa, de 18 anos, foi raptada e morta no domingo (17). Segundo a Polícia Civil, o namorado dela teria sido o mandante do crime.
— É um caso no qual isso fica isso muito evidente. Essa brutalidade.