Sete pessoas foram assassinadas por dia no Rio Grande do Sul entre os meses de março e abril. O índice, apesar de alarmante, representa redução de 14% em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto em 2018 foram 441 homicídios nesses dois meses, em 2017 haviam sido registrados 512 casos.
Em contrapartida, os latrocínios tiveram acréscimo de 25%, com 20 casos no Estado. Na Capital, os roubos com morte também tiveram aumento de 25% e os homicídios permaneceram estáveis. Os dados foram divulgados na sexta-feira (18) pela Secretaria da Segurança Pública.
Para o titular da SSP, Cezar Schirmer, a redução dos homicídios é resultado de ações como aumento do efetivo nesse período, entrega de veículos e equipamentos para as polícias, maior integração entre os órgãos da segurança e o uso de tecnologia, como câmeras de videomonitoramento.
— Os números absolutos ainda são elevados, mas os percentuais de redução são significativos — afirmou o secretário Cezar Schirmer.
Na contramão dos assassinatos, os latrocínios apresentaram elevação de 16 para 20 casos. Em Porto Alegre, foram quatro mortes em assalto contra três no mesmo período do ano passado.
– A redução do latrocínio é o nosso principal objetivo, de forma indireta, quando trabalhamos a redução do roubos de veículos e dos roubos a estabelecimentos comerciais. Na nossa opinião, o latrocínio é um crime devastador que invade a segurança da pessoa, impede a atividade econômica, o trabalho e a circulação – afirmou o comandante do Policiamento da Capital, coronel Jefferson Jacques.
Os roubos de veículos, que quando são frustrados podem implicar em assalto com morte, tiveram redução de 5% no Estado nesses dois meses. Mas a média ainda é de 52 carros levados por ladrões a cada dia. No ano passado, no mesmo período, eram 54. Na Capital, o índice teve aumento de 11%.
Para tentar combater o avanço da atuação criminosa, foi lançada pela Brigada Militar a Operação Cavalo de Aço, com emprego de 120 motociclistas.
— Ainda é um índice muito elevado, mas Porto Alegre já foi considerada a Capital com maior número de roubos de veículos no país. Conseguimos reduzir e estamos trabalhamos para melhorar esses indicadores — argumentou Schirmer.
O chefe da Polícia Civil, delegado Emerson Wendt, defendeu que os índices são positivos e que o uso da tecnologia tem auxiliado a desenvolver investigações com menor número de policiais e a atacar as organizações criminosas pela descapitalização, por meio do combate da lavagem de dinheiro.
— Quando você tem a organização das facções você também tem de trabalhar de maneira organizada e a tecnologia está nos auxiliando muito nesse processo.
Especialistas alertam que é preciso mais tempo para analisar dados
Para o cientista social Charles Kieling, professor do curso de Tecnologia em Segurança Pública da Feevale, os índices devem ser analisados de forma mais ampla, levando em consideração período extenso, já que a criminalidade é sazonal.
— Não existe redução. Se olharmos para os indicadores dos últimos 10 anos, perceberemos que existe migração do envolvimento criminoso. Diminui o homicídio, mas essas pessoas migram para outro tipo de crime. Elas não desaparecem. Os índices são sazonais, mas se mantêm em elevação.
Já o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Renato Sérgio de Lima, entende que a diminuição dos índices de criminalidade é notícia a ser comemorada, mas que deve ainda ser vista com cautela.
— O Rio Grande do Sul apresenta sempre dados fidedignos e uma notícia como essa demonstra o esforço concentrado em torno da segurança. Quando se tem continuidade no trabalho, o resultado tende a aparecer. O que se espera agora é a manutenção da redução desses números, que infelizmente ainda são altos — observa.