O chefe da Polícia Civil, Emerson Wendt, admitiu nesta quinta-feira (15) que "desligou o rádio" ao ouvir o delegado Moacir Fermino falar que teve "revelações divinas" nas investigações da morte de duas crianças encontradas esquartejadas em Novo Hamburgo, em setembro do ano passado. As declarações de Fermino foram dadas em 8 de janeiro, em coletiva de imprensa e para o programa Timeline, da Rádio Gaúcha.
— Eu vou dizer que eu desliguei o rádio, não consegui ouvir aquela entrevista e certamente acabei chamando reunião de avaliação técnica para ver o que tinha no inquérito até aquele momento. Não cheguei a ouvir até o final a entrevista, até porque foge totalmente do que a gente tem empregado — salientou Wendt, em entrevista concedida nesta quinta-feira (15), também ao Timeline (ouça a íntegra abaixo).
Na última sexta-feira (9), Fermino foi afastado por 30 dias de suas funções após um pedido da Corregedoria da Polícia ter sido aceito pela Justiça. Uma investigação apura o falso testemunha e a denunciação caluniosa de sete pessoas pela morte das crianças.
O chefe da Polícia Civil afirmou que o afastamento é considerado uma "medida cautelar" para evitar que o delegado investigado possa ir à delegacia e influenciar no trabalho policial.
— Uma das possibilidades era o afastamento, solicitado por nossa polícia para o Judiciário, mas também havia a possibilidade do Conselho Superior de Polícia. Optamos pela primeira alternativa — salientou Wendt.
Ouça a íntegra da entrevista
A Corregedoria tem até sábado (17) para concluir a investigação, mas não se descarta prorrogar o prazo. Meirelles salientou ainda que Fermino deve ser ouvido nos próximos dias para a investigação.
Wendt disse ainda que não se descarta a participação de outros policiais na intimidação das testemunhas, o que está sendo apurado. O chefe da Polícia Civil salientou que "não é incomum" testemunhas mentirem em inquéritos.
— O que testemunhas trouxeram acabaram não se confirmado e se viu que era farsa. Há necessidade de apuração de circunstâncias, que levaram essas pessoas a mentir — pontua Wendt.
Fermino ficou por 30 dias como interino da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo nas férias do delegado Rogério Baggio.