Ação da Polícia Civil contra o furto de energia elétrica levou à prisão da mulher do líder do templo satânico suspeito de envolvimento na morte de duas crianças esquartejadas em ritual na Região Metropolitana de Porto Alegre. A Operação Black Out foi desencadeada nesta sexta-feira (12), em Gravataí, pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio de Concessionárias e Serviços Delegados (DRCP), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Entre as residências vistoriadas, a polícia descobriu que o imóvel do templo satânico fazia uma ligação clandestina. Três policiais do Deic e dois técnicos da RGE, concessionária de energia que abastece a região, desfizeram a ligação irregular por volta de 10h30min. A ligação clandestina ocorria com dois fios ligados diretamente no poste da rua, em frente ao templo. Os técnicos da RGE informaram que nunca houve solicitação de ligação de energia elétrica no local.
No momento da abordagem, o templo estava fechado. Por volta das 11h15min, porém, Aline Mello, esposa do "bruxo" Sílvio Fernandes Rodrigues, abriu os portões para que a polícia verificasse a situação no interior do imóvel. Durante a vistoria, a polícia confirmou a ligação direta da residência com o poste na rua, e Aline foi presa em flagrante. A mulher foi algemada e conduzida para o Deic. Ela preferiu não se manifestar sobre a prisão.
Relembre o caso
O imóvel que foi alvo da ação da Polícia Civil nesta sexta-feira está no centro da investigação de um crime macabro envolvendo o esquartejamento de duas crianças na Região Metropolitana. As primeiras partes de corpos de duas crianças foram encontradas no dia 4 de setembro de 2017, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, Vale do Sinos. Elas foram identificadas como um menino, com idade entre oito e 10 anos, e uma menina, de 10 a 12 anos, conforme exame pericial. No dia 18 de setembro, outros membros foram encontrados, a cerca de 350 metros do primeiro local, e foram atribuídos aos mesmos irmãos, que têm a mesma mãe e pais diferentes.
Os crânios até agora não foram localizados. As investigações apontam que as crianças podem ser argentinas e ter sido trazidas de uma região pobre de Corrientes.
Os investigadores chegaram a sete suspeitos para o crime – o "bruxo" e seis discípulos, que tiveram suas prisões preventivas decretadas pelo Judiciário. Três estão foragidos, entre eles o argentino apontado como responsável por pegar os irmãos em seu país de origem.
Conforme as investigações, os sócios Paulo Ademir Norbert da Silva e Jair da Silva teriam pago R$ 25 mil à vista pelo ritual que lhes traria mais prosperidade em seus negócios. Os filhos de Jair, Andrei e Anderson, também teriam participado do ritual, a fim de reunir sete pessoas — número supostamente cabalístico para a cerimônia.