Depois de quase duas horas de depoimento entre o final da manhã e o começo da tarde desta quarta-feira (24), na Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, o empresário Paulo Ademir Norbert da Silva, 58 anos, negou qualquer participação em um suposto ritual satânico que teria resultado nas mortes de duas crianças, que tiveram os corpos encontrados em um matagal na região da Lomba Grande, em setembro de 2017. Durante o depoimento, Silva ainda negou que conheça a maior parte dos sete suspeitos apontados pela polícia.
— Conseguimos questionar todos os pontos que pretendíamos, e o suspeito negou veementemente a participação. O caso segue sob apuração. Estamos colhendo muitos materiais para formação de prova técnica, como perícias de digitais, mensagens de e-mails, imagens, registros nos computadores dos investigados e outros elementos — diz o delegado Rogério Baggio Berbcz, que conduz a investigação.
Mesmo com a negativa de participação do empresário, o delegado não pretende pedir a revogação da prisão preventiva dele, cumprida no último sábado (20). Esta foi a terceira vez que a polícia havia marcado o depoimento do empresário desde a prisão. Nas outras duas oportunidades, o advogado não havia comparecido à delegacia.
— Posso adiantar que verificamos algumas contradições no depoimento — limita-se o delegado, que tem 60 dias para concluir o inquérito.
O advogado Sérgio Campelo preferiu não se manifestar após o depoimento. Segundo ele, a defesa técnica está sendo feita e já foram encaminhadas medidas à Justiça, que ainda aguardam decisões. Na última segunda-feira (22), foi solicitado um habeas corpus em nome do empresário, mas o pedido liminar foi negado. Ele reforça que o processo corre em sigilo.
Conforme a polícia, Paulo Norbert da Silva é um dos suspeitos de encomendar o suposto ritual, em conjunto com o sócio, Jair da Silva, 47 anos, também já preso e que, igualmente, negou participação no crime em seu depoimento. De acordo com o delegado, todos os suspeitos serão ouvidos novamente ao final do inquérito, para que todos os elementos colhidos ao longo da investigação possam ser contrapostos.
A suspeita da polícia é de que os dois empresários teriam pago R$ 25 mil a um "bruxo", identificado como Sílvio Fernandes Rodrigues, 44 anos, de Gravataí para que fizesse uma cerimônia satânica, que teria envolvido os sacrifícios de duas crianças. O objetivo do ritual seria a busca de prosperidade em negócios imobiliários. A polícia ainda não conseguiu identificar as vítimas.