Os irmãos gaúchos presos na Argentina na quarta-feira (29) eram considerados pela Polícia Civil os principais assaltantes de banco com reféns em atuação no Rio Grande do Sul. Investigações da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigação Criminnal (Deic) apontam Vanderlei Lopes, 32 anos, e Rudinei Lopes, 37, como responsáveis por 12 ataques em 17 bancos em um período de oito meses de 2017.
São ataques nas cidades de Progresso (em duas ocasiões), Pouso Novo, Boqueirão do Leão, Espumoso (também em duas ocasiões), Boa Vista do Buricá, Encruzilhada do Sul, Gramado Xavier, Bom Retiro do Sul, Tabaí, e São José do Herval. A polícia identificou que a quadrilha dos irmãos age sempre com explosivos, fazendo pessoas como escudo humano, portando armas de fogo e, por vezes, levando reféns para fugir.
Os irmãos Lopes eram procurados há meses pelos policiais e são velhos conhecidos de investigadores. Eles foram encontrados em uma fazenda a mais de 30 quilômetros da cidade de El Sobierbo, na região de Missiones, na Argentina. Com eles, policiais encontraram um fuzil 5.56, uma pistola, coletes à prova de balas e carros clonados. A companheira de Rudinei, Juliane Cristina Cardoso, 26 anos, também foi presa.
Os irmãos conseguiram fugir de uma operação da polícia em outubro deste ano. Eles perceberam a alta movimentação de viaturas e atiraram contra os policiais e fugiram pelo matagal. Eles fizeram reféns após a fuga, obrigando moradores a dirigirem para eles até um local ermo.
O delegado Joel Wagner considerou a recaptura como "extremamente exitosa" para barrar ataques em solo gaúcho.
—São bandidos experientes, dominam armas de grosso calibre e sabem como utilizar explosivos. Por isso, a a operação foi um sucesso, tendo em vista a prisão de dois indivíduos que eu considero os principais, mais procurados e também mais violentos no roubo a banco com uso de explosivo, durante a noite, e com cordão humano — disse Wagner.
Fuga cinematográfica de escolta
Rudinei Lopes é o preso que fugiu de forma ousada da escolta de agentes penitenciários em uma Unidade de Pronto Atendimento em Lajeado. Na ocasião, ele fingiu precisar de atendimento médico e foi levado até a UPA da cidade. Um grupo entre seis e sete bandidos aguardava no local para executar o plano de fuga. Eles estavam utilizando dois veículos e armados com fuzis. Um agente foi levado como refém.
Foi nessa época, em junho, que a polícia começou a registrar uma escalada nos ataques com explosivos. Os dois irmãos nasceram em Lajeado e, por isso, conhecem bem os municípios do Vale Taquari e suas estradas vicinais - essenciais para as fugas das buscas da Brigada Militar.
— Esta investigação (sobre a fuga da UPA) não está conosco, mas percebemos que quando Rudinei foi resgatado houve um acréscimo significativo no número de crimes. Ele é importante para a quadrilha por ser o homem que trabalha bem com armas, na contenção, enquanto Vanderlei opera melhor os explosivos — diz o delegado.
Associação com bandido perigoso
Ainda conforme o delegado Joel Wagner, os irmãos arregimentavam outras pessoas para participar dos ataques, por isso ainda não é possível afirmar que a quadrilha foi desarticulada. Entre os assaltantes convidados está Ivo Francisco dos Santos Assis, o "Ganso Baio". Ele é foragido do sistema prisional e foge frequentemente de operações policiais. A aliança criminosa preocupa os policiais, já que reúne os principais assaltantes do Estado para agirem juntos.
A polícia também informou que foi preso Fabio Manoel Raimundo, 39 anos, o "Piuí", em setembro deste ano na cidade de Estela. Ele era um dos homens que participava do manejo dos artefatos explosivos.
A polícia lida, agora, com os trâmites legais para trazer os presos ao Rio Grande do Sul. Para o delegado, como foram autuados em flagrante, acredita-se que demorará em torno de um mês para a finalização do procedimento de expulsão do país.