O motorista que morreu na manhã desta terça-feira (31), em São Leopoldo, após ser alvejado pelas costas em um assalto, é o sexto condutor de aplicativo a ser assassinado durante o trabalho desde o começo do ano na Grande Porto Alegre. Quatro crimes foram considerados latrocínios pela polícia, quando a morte é consequência de um roubo, e os outros dois são investigados como homicídio.
Após 12 dias hospitalizado, José Luiz Antunes, 36 anos, não resistiu e morreu no Hospital Centenário, na manhã desta terça-feira. Ele trabalhava para o aplicativo há nove meses em Novo Hamburgo, onde residia com a mulher e os dois filhos. Na noite do assalto, por volta das 22h, segundo o delegado Rodrigo Zucco, da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de São Leopoldo, a vítima atendeu uma corrida pelo Uber no bairro Boa Saúde. De lá, partiu com os dois criminosos, que se passavam por clientes, em direção a São Leopoldo.
Na Rua Henrique Bier, no bairro Campinas, os assaltantes teriam ordenado que o condutor parasse, após anunciarem o roubo. No banco traseiro, um dos criminosos atirou na direção do motorista, que foi atingido na cabeça. A dupla fugiu logo depois levando apenas o celular do motorista. Mesmo baleado, o condutor estava consciente quando os policiais chegaram ao local e relatou o que tinha acontecido.
Ainda conforme o delegado, a vítima disse que os autores do crime eram dois homens magros, com cerca de 25 anos. O disparo, segundo Antunes, teria acontecido logo após anunciarem o assalto. O motorista permaneceu hospitalizado, passou por cirurgia, mas não resistiu. Segundo Zucco, a polícia aguardava a recuperação da vítima para tentar identificar os autores do crime.
— Com falecimento da vítima se torna mais difícil de ser investigado. Estamos dando uma nova dinâmica para a investigação. Teremos de trabalhar com perícias técnicas.
Segundo o delegado, a Uber foi oficiada para fornecer informações sobre o usuário que solicitou a corrida na noite do assalto. Até o momento, ninguém foi preso.
As vítimas
Todos os condutores de aplicativo que foram mortos neste ano eram homens, com idade entre 26 e 36 anos. Quatro deles foram assassinados em Porto Alegre, um em São Leopoldo e outro em Alvorada. No ano passado, segundo o levantamento realizado pelos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho, foi registrada uma morte de condutor de aplicativo. Fábio Silva da Fontoura, 39 anos, foi morto em 24 de agosto de 2016. Ele foi assassinado com seis tiros na Rua Guaramirins, no bairro Igara, em Canoas.
Outros casos
7 de março: Moisés Doring Jeske, 33 anos, foi encontrado morto a facadas no Parque Chico Mendes, na zona norte de Porto Alegre. O carro em que ele prestava o serviço por aplicativo foi encontrado em Viamão. O caso é investigado como latrocínio.
26 de julho: Deivison Pontes Ferreira, 28 anos, foi morto com diversos tiros no Beco Pedro Rodrigues Bittencourt, no bairro Vila Nova, zona sul de Porto Alegre. Segundo a polícia, ele foi vítima de homicídio, por motivação passional.
26 de julho: Anderson Luiz Braga Lessa, 32 anos, foi morto com diversos tiros na Rua Dona Malvina, no bairro Santa Tereza, zona sul de Porto Alegre. Ele transportava um homem com diversos antecedentes criminais, apontado pela polícia como o alvo dos atiradores.
1º de setembro: Rafael Gardini Gomes, 35 anos, foi atingido por um tiro no pescoço na Avenida Carneiro da Fontoura, no bairro Passo d'Areia. O caso é investigado como latrocínio.
16 de setembro: David dos Reis Delfino, 26 anos, foi morto Rua Alberto Pasqualini, em Alvorada. O crime teria acontecido durante um assalto. Dois homens armados atacaram a vítima. Eles tentaram retirar o condutor do veículo, momento em que ele acabou sendo baleado e morreu.
Jovem foi morto no Vale do Caí
Outro caso de condutor de aplicativo morto em serviço aconteceu em julho no município de Montenegro, no Vale do Caí. O soldado do Exército Marcelo Gabriel Lisboa Roxo, 23 anos, que atuava como motorista de aplicativo em São Leopoldo, foi morto ao fazer uma corrida até a cidade vizinha.
O rapaz passou a madrugada trabalhando pelo aplicativo, no Vale do Sinos, e mandou a última mensagem por celular para a namorada por volta das 8h. Depois disso, não entrou mais em contato com a família. Horas depois, o jovem foi encontrado morto, executado a tiros, na zona rural de Montenegro. Um dia depois, um adolescente foi apreendido e confessou ter matado o rapaz, mas não informou o motivo do crime.